Finalmente hoje decidi que vale a pena relatar essa história. Após pensar muito, cheguei a conclusão que muitos leitores podem se beneficiar com essa péssima experiência que estou prestes a descrever. E decidi contar essa história aqui no blog justamente pra mostrar que quem escreve é uma pessoa tão comum (ou até mais) do que as pessoas que lêem, e também pois não é apenas de histórias fantásticas e alegres que um diário de bordo é feito – hoje venho compartilhar com detalhes os péssimos dias que tenho vivido por conta de uma fraude no meu cartão de crédito, ou se prefererim pode chamar de clonagem também.
Fui vítima de estelionato no último dia 02 de julho de 2012. Estava eu tranquilamente assistindo ao excelente filme Extremely Loud & Incredibly Close (2011), que narra a história de um garotinho que vive os reflexos da perda do pai no 11 de setembro, quando por um acaso resolvi consultar o saldo da minha conta corrente ali mesmo, deitadão assistindo o filme, através do internet banking no meu celular.
A fatura do meu cartão de crédito principal sempre vencia no dia 1º de cada mês, sempre gostei de portar dois cartões diferentes, de duas bandeiras diferentes, pois sempre tive que enfrentar muitos perrengues em minhas viagens internacionais por conta de comunicação, limites e gambiarras que as cias de cartões de crédito fazem e não conseguem entregar o seu dinheiro na quantidade e hora que precisa. Eu já estava esperando que na minha conta corrente não constasse o valor referente à fatura que vencia no primeiro dia de julho de 2012 (um domingo). Quando veio a péssima surpresa – existia um saque no valor exato de R$ 767,05 – saque este que eu não havia realizado e não tinha qualquer conhecimento sobre a sua origem.
A minha noite que havia começado bem acabava de se transformar em uma longa noite de pânico e desespero. Loguei no banco via internet e comecei a procurar alguma explicação para o sumiço desse dinheiro, sem qualquer tipo de sucesso. Decidi que na manhã seguinte iria ao banco e tentaria entender os motivos pessoalmente.
No outro dia pela manhã, dirigi-me a agência do Banco do Brasil, tentei ser atendido antes do horário normal para evitar qualquer complicação e assim conseguir minimizar o problema – foi um ponto positivo! Como conhecia o pessoal da agência, consegui ser prontamente atendido e em alguns minutos já estávamos procurando os motivos do dinheiro ter simplesmente sido debitado da minha conta corrente sem a minha autorização. Alguns minutos de procura e o colaborador do banco resolveu contatar a central para tentar entender o motivo do saque, e é aí que a coisa ficou complicada.
Como havia realizado a #ArribaTour, uma viagem de 15 dias entre México e Estados Unidos, tentar compreender a fatura do meu cartão seria tarefa de casa para doutores em matemática, física e estatísticas, então o colaborador começou a questionar sobre a viagem e acreditou que este débito era referente a alguma compra que havia feito no “débito internacional” – mas espera aí, se é débito, então tem que acontecer no dia da compra – eu já estava a cerca de 1 mês de volta no Brasil. A viagem que aconteceu de 23 de maio a 06 de junho trouxe prejuízos que eu realmente não havia previsto e que o colaborador e central de atendimento telefônico também não sabiam explicar.
Depois de muito pesquisar, o colaborador do banco fez várias contas, tentou somar valores na minha fatura e explicar o motivo do sumiço desse dinheiro da forma mais conveniente para o momento. Me tranquilizou ao extremo e disse que realmente não havia nada de errado, que eram compras minhas e que o cartão resolveu comprar só um mês depois praticamente ( e eu estarrecido com a situação ). Feito isso, PT saudações e qualquer novidade o banco estaria a disposição para tentar auxiliar.
Fui embora do banco com um gosto amargo na boca, de alguem que está pagando por algo que não comprou, ou que está de alguma forma sendo enganado. Mas tranquilizei, aliás, o banco disse que estava tudo normal e que não existia nenhum problema até então. ÓTIMO pensei, e despreocupei.
Passou então o dia 2 de julho (segunda), o dia 3 (terça), o dia 4 (quarta) e eu tranquilo, sem preocupação alguma seguindo minha vida adiante. Foi até que no dia 5 de julho de 2012, mais uma vez a noite, uma quinta-feira que resolvi, por um acaso do destino, consultar minha conta corrente para verificar se estava tudo em ordem, afinal não havia mais movimentado a conta até então. E foi quando eu dei de cara com o estrago! Mais três saques não autorizados haviam sido realizados. Um no dia 03, no valor de R$ 769,35, outro no dia 4 de R$ 784,29 e o último no dia 5 mesmo, no valor de R$ 806,49 e o que perfez um total de R$ 3.127,18 sacados indevidamente, de forma súbita direto da minha conta corrente. O CAOS estava instaurado na minha vida.
Como não contava com isso todas as minhas finanças se descontrolaram. Contas deixaram de ser pagas, não consegui honrar com certos compromissos financeiros mensais e estava à mercê de uma novela que iria durar por ainda mais de 3 meses. Não pensem vocês que o blogueiro aqui é endinheirado não! Pelo contrário! Esta receita estava lá na minha conta corrente devido a diversos serviços que havia realizado e como estava viajando, aguardava o giro mensal para poder investir essa grana em novos objetivos. E foi então que me vi tomado pelo desespero – não dormi nesta noite, decidi acordar muito cedo e voltar ao banco pessoalmente para poder ter um papo com o colaborador que havia me atendido.
Novamente fui atendido com rapidez e eficiência. Logo ao relatar o ocorrido a primeira decisão – bloquear os cartões, seguida da mudança das senhas. Não me surpreendeu, pois isso deveria ter sido feito na primeira visita. Mesmo assim segui acompanhando o trabalho dele. Fui orientado a fazer um boletim de ocorrência na Polícia Civil, relatando todos os detalhes da minha viagem e a novela dos saques indevidos. Posterior a isso deveria redigir uma carta de contestação, em que relataria o fato ocorrido formalmente ao Banco do Brasil. Pediu também que eu voltasse depois das 4 horas da tarde para que tivessemos tranquilidade para executar o procedimento chamado ROI (Registro de Ocorrência Ilícita) e com isso tentar reaver o dinheiro.
Saí do banco antes das 11 da manhã e fui direto até a Delegacia de Polícia Civil onde registrei o boletim de ocorrência. Logo depois criei a carta de contestação contando nos mínimos detalhes tudo que aconteceu, e 4 horas da tarde em ponto estava eu lá para realizar tal procedimento, que é realmente muito burocrático. Foi-me solicitada toda a história novamente, contei tudo, preenchemos formulários intermináveis no sistema do banco até que finalmente conseguimos transmitir o pedido, assinar os papéis e dar a entrada no resgate. Ele deixou claro que o procedimento era demorado, já que iriam investigar o meu caso para depois verificar se realmente foi fraude e então devolver o dinheiro sacado indevidamente. O problema é que não consegui fazer o ROI de todo o valor sacado, visto que até para reclamar do roubo do dinheiro de sua conta corrente o banco se resguarda a não aceitar reclamações com o prazo mínimo de 7 dias do ocorrido – isso mesmo – só poderia reclamar os três primeiros saques, e como o colaborador do banco mesmo orientou, se sair esse primeiro então a gente conseguiria o resto com toda a certeza ( e eu permanecia chocado com essas declarações ).
Outro detalhe foi a forma na qual o movimento desses saques foram lançados na fatura do meu cartão de crédio – foram saques feitos em um ATM, nos dias exatos em que o dinheiro ia desaparecendo da conta, feitos no estado de MONTERREY, no MÉXICO. Estava evidente a fraude – meu cartão havia sido clonado e os bandidos roubaram 5.000 pesos mexicanos de cada vez (mais taxas de saque, iof e conversão).
Logo ao descobrir esse fato fiquei perplexo – como eu teria comprometido a segurança do meu cartão de crédito para que esse bandido clonasse meus dados? Onde isso teria acontecido? Como ele teria conseguido sacar 5.000 pesos de uma só vez (quando eu só conseguia no máximo 1.500 pesos por dia?) Essas e várias outras indagações pipocaram na minha mente, mas a M**** já estava feita e estava oficialmente a mercê da boa vontade dos analistas do banco, que dariam o veredícto nos dias que seguiriam. Ainda voltei no banco depois disso para tentar fazer um novo ROI referente ao último valor sacado (pois ele não pode entrar na reclamação). Mais uma vez o colaborador me orientou a aguardar e ver se essa primeira solicitação seria solucionada com sucesso – e mais uma vez eu confiei e aguardei.
Concluindo…
Foram exatos 45 dias aguardando um posicionamento do banco. Hoje pela manhã consultei a minha conta e finalmente o valor exato referente ao ROI foi devolvido – nem 1 real a mais ou a menos. Vou ter que fazer um novo ROI para solicitar o resto do dinheiro subtraído e talvés lá para o meio do mês de outubro eu seja resarcido por completo.
Ficaram alguns aprendizados:
- NUNCA utilizar meu cartão em um ATM suspeito;
- NUNCA compartilhar os números dele pela internet em sites menos populares;
- NUNCA usar ATMs em lugares muito turísticos e expostos a alto movimento de público (e turistas);
- NUNCA usar o cartão de crédito para segurar algum passeio – usei meu cartão para alugar uma moto em Cozumel e o comerciante pediu uma cópia do meu cartão como seguro (seria esta a vulnerabilidade?);
- NUNCA consultar minha conta em um computador sem antivirus atualizadíssimo (e antispyware também);
- NUNCA deixar dinheiro sobrando na conta corrente – a partir de agora lá só fica o que se gasta;
- NUNCA mais deixar de bloquear os cartões para compras no exterior ao voltar de viagem
- NUNCA mais levar cartão de crédito pro México (conheço 3 pessoas que passaram pelo mesmo problema depois de voltar deste país)
- SEMPRE trocar TODAS as minhas senhas com frequência (principalmente depois de viagens internacionais)
- SEMPRE desconfiar se o colaborador do banco não conseguir te convencer
- … e vários outros ensinamentos básicos que acabamos relevando com o passar do tempo
No meu caso, até então consegui reaver, posso considerar que sim, foi um final feliz, mas nem todos são felizes assim – li várias histórias na internet de pessoas que tiveram que ir além e lutar juridicamente para reaver suas finanças que foram alvo de estelionatários. Todo cuidado é pouco! Em um mundo em que nossas finanças se resumem a uma combinação de números, passo a acreditar que a melhor forma de se manter seguro talvés seja a usada pelos meus avós – guardar o dinheiro que sobra debaixo do colchão ( e ter sempre um exitintor ao lado da cama )
Muito útil o seu relato! Que bom que consegiu o seu dinheiro de volta! Em viagens eu limito ao máximo o uso dos cartões, assim evito esse tipo de problema e, mesmo que aconteça, como o uso foi pequeno fica mais fácil controlar as finanças. recentemente passei 3 semanas na China e precisei retirar dinheiro apenas 4 vezes. Como usava computadores publicos, ia reservando as outras etapas da viagem somente em hoteis que não pediam cartão de crédito como garantia. Mas tive que comprar uma passagem de avião pela internet e o unico jeito era o cartão… felizmente não tive probmeas (ainda, vou bater 3 vezes na madeira!!!)
Olá Milena, muito obrigado por sua visita e comentário!
Tudo isso foi essêncial para que eu pudesse aumentar um pouco mais a segurança das minhas finanças. Existem empresas que são muito confiáveis no México e que não merecem sofrer com os reflexos dessas situações! Mas com uma busca rápida na internet sobre o assunto você perceberá facilmente que existem grupos que realmente não estão brincando com os turistas que lotam as ruas das principais cidades do México.
É um país incrível, lugares paradisíacos, gastronomia excepcional, mas assim como todo grande destino turístico também acaba sofrendo com esses problemas. Amo o México, amei minha estadia por lá! Quero muito voltar para conhecer mais destinos neste país, mas não posso ser negligente com meu próprio diário de bordo a ponto de não relatar um perrengue como esse.
VIAJAMOS PARA NEW YORK E LÁ PERMANECEMOS DO DIA 25/07 A 05/08. VIAGEM INDESCRITÍVEL, EMOCIONANTE…10!!! LEVAMOS DINHEIRO, MAS NÃO NOS CONTIVEMOS E ACABAMOS GASTANDO TAMBÉM NO CARTÃO DE CRÉDITO. SOMENTE OS FORNECEMOS EM LOJAS IDÔNEAS, PORÉM ATRAVÉS DE UMA COMPRA ATRAVÉS DA CVC DO HOTEL RADISON PARA UM SHOW DA BROADWAY. PENSO QUE FOI AÍ QUE FOI CLONADO O CARTÃO DE MEU MARIDO, OUROCARD INTENRACIONAL MASTERCARD DO BANCO DO BRASIL. POIS A PARTIR DE 08/08 CONSTAM NA FATURA DIVERSAS COMPRAS FEITAS EM…MIAMI/FLÓRIDA!!! O BANCO DO BRASIL SOLICITOU OCORRÊNCIA POLICIAL, CONTESTAÇÃO POR ESCRITO E RELAÇÃO DAS COMPRAS QUE NÃO FORAM FEITAS POS NÓS, TUDO ENVIADO VIA FAX E FOMOS ORIENTADOS A NÃO PAGAR A FATURA QUE VENCERÁ NO FINAL DESSE MÊS. AH…E CANCELAR O CARTÃO, POIS O FALSÁRIO PODERÁ CONTINUAR FAZENDO A FESTA…E DISSO TUDO LHES DIGO A MINHA LIÇÃO: VIAGEM AO EXTERIOR: TRAVELCARD OU DINHEIRO. CARTÃO DE CRÉDITO JAMAIS!!! E, SE FOR CONSUMISTA, VÁ COM BASTANTE CRÉDITO NO TRAVELCARD…POIS AS TENTAÇÕES SÃO MUITO GRANDES…E O DESESPERO DE SE TER UM CARTÃO CLONADO, É REALMENTE INDESCRITÍVEL…
Tive o mesmo problema em uma viagem de 15 dias aos EUA, os hotéis embora já pagos aqui no Brasil meses antes, exigem um cartão de crédito como garantia caso algo aconteça no quarto do hotel, passei o cartão no quality AirPort fort laudardele , e ao chegar no Brasil começaram a vir cobranças no valor total de 14,000.00 fizeram inúmeras compras até esgotarem o limite total do mesmo! Agora luto para que eles estornem esses valore
muito boa tua dica pra nunca mais levar cartão de crédito pro México!! Afinal, outras 3 pessoas já passaram por isso, né, a coisa tá feia por lá. Depois desta generalização de um país inteiro, fico me perguntando o que as empresas que custearam tua viagem devem estar pensando…. Será que estas empresas aceitam cartão? E se aceitam, devo ficar receoso com elas? Afinal, no México….
Olá Andre! Obrigado pela visita e por seu comentário!
Realmente as coisas no México não estão nada fáceis! E assim como a grande maioria dos destinos mais badalados, o México também sofre com os cartéis de tráfico de drogas, com essa questão das fraudes em cartões de crédito e com tantos outros problemas sócio-econômicos: infelizmente essa é a realidade – é um país incrível, assim como tenho relatado em todos os posts sobre os lugares que visitei, mas não podemos fechar os olhos para a realidade e aceitar que tudo isso continue acontecendo – a minha parte eu fiz, que foi compartilhar e alertar as pessoas que estão viajando para lá – afinal todo cuidado é realmente muito pouco.
Agora com relação às empresas que apoiaram esta viagem, são todas idôneas, da mesma forma que existem tantas outras que são fantásticas quando o assunto é o tratamento dado ao turista estrangeiro, inclusive voltaria ao México com um cartão de crédito e faria questão de utilizá-lo em lugares confiáveis, tais como em todas as empresas mencionadas, o grande problema está na clonagem de cartões que é realizada nas ruas dos lugares mais turísticos – é uma selva de pedra e você nunca terá a certeza absoluta de que o ATM que você está usando não é mais um zumbi clonador de cartões.
Sei que depois do ocorrido fiquei um pouco mais cauteloso ao utilizar meus cartões de crédito e não gostaria de ver as pessoas passarem por aqui para dizer que também voltaram de uma viagem incrível ao México com problemas em seus cartões de crédito.
Estava tranquilo com. Eu cartão de crédito novo , quando recebo a mensagem de um saque no Caixa eletrônico em Las Vegas. Achei estranho porque minha conta é nova e nunca utilizei ele no exterior. Como alguém conseguiu o número e consegue fazer saque em outro país ? Pedi para a operadora estornar e ela pediu 10 dias. Mas disse que posso continuar utilizando o cartão devido o chip e senha. Quem sacou provável tentar novamente mas eles bloqueiam se não tiver o cartão . Ou seja, enquanto não resolver não posso comprar nada , por exemplo .pela internet .