Visitei um lugar mágico em minha última volta ao mundo, verdadeiramente único no planeta. Um dos grandes motivos pelos quais viajantes de todos os cantos do planeta decidem voar horas e mais horas para conhecer um micro país encravado entre a Oceania e a Micronésia, uma nação conhecida por Belau, ou mais popularmente Palau.
Enquanto ainda planejava esta viagem que me levou a conhecer a ilha de Kauai, Palau e Palawan nas Filipinas, confesso que fiquei em dúvida sobre qual destino escolher. Eu sabia que a minha ida seria pelo Havaí e minha volta por Manila, a capital das Filipinas, mas sinceramente eu sentia que faltava algo para preencher o meio do caminho. Não queria muito tempo, não poderia gastar muitas milhas e tampouco muito dinheiro. Eu precisava de algo rápido, intenso e memorável. Foi quando eu comecei a pesquisar todos os detalhes sobre as principais ilhas da Micronésia e da Oceania, até aparecer na minha frente as Rock Islands e o Jellyfish Lake, o lugar pelo qual estou tão maravilhado no presente momento.
Chegando no Jellyfish Lake – Palau
Eu poderia ter escolhido conhecer Fiji, ou Papua, poderia até ter esticado até a Nova Zelândia. Mas não. Foi essa micro nação distante apenas 600 milhas das Filipinas que me fez adaptar toda uma viagem para estar hoje aqui, sentado no sofá da varanda de Ms. Pinetree, tentando compreender um pouco do que aconteceu comigo no dia de hoje. Bom vou começar relatando então logo das primeiras horas da minha manhã. Acordei cedíssimo, sem o auxílio do despertador. No meu relógio, as 6 horas da manhã anunciavam o começo de um dia intenso onde obteria experiências que com certeza serão levadas para as futuras gerações dos meus filhos, netos e bisnetos. Era dia de conhecer um dos grandes destaques dessa viagem, um lago infestado por águas vivas, porém um lago bastante especial. Olhei pela paisagem da janela ainda bem sonolento e constatei que o dia estava apenas nos seus primeiros minutos. Levantei ainda sonolento, abri a janela e senti o mormaço calorento da capital do Palau, a cidadela de Koror. Eram apenas 6 da manhã.
Admirando a fantástica uma das milhares de águas vivas ao meu redor
Koror é absurdamente quente e úmida. É fácil transpirar por todos os poros do organismo em apenas uma pequena caminhada até a esquina, mesmo muito cedo pela manhã ou até quando já é muito tarde da noite. Por estar localizada nas proximidades da linha do equador, os visitantes que desembarcam no pequenino Aeroporto Internacional de Koror conseguem sentir instantaneamente os efeitos da localização geográfica deste arquipélago. Quando vi que ainda era muito cedo, fechei a janela e voltei pra cama, abusando ainda mais do conforto do ar condicionado do meu quarto, porém não consegui dormir: eu estava ansioso demais pra dormir. Seria meu primeiro dia de mergulhos em um dos lugares mais respeitados do planeta quando o assunto é scuba-dive, além do que seria o dia que finalmente eu iria conhecer o lago das águas vivas do Palau, o Jellyfish Lake.
Snorkel no lago de águas vivas no Palau
Você deve estar se perguntando: “Como é possível mergulhar em um lago repleto de águas vivas?”. E eu respondo com clareza: este não é um lugar comum. É um lugar mágico! Até arriscaria afirmar que conhecer o Jellyfish Lake foi uma atividade que superou as minhas expectativas. Neste dia eu não consegui também sequer tomar café da manhã, eu só queria partir logo. Fiquei aguardando a van do Sam’s Tours me buscar na porta da guesthouse já por volta das 7 da manhã, só que o transfer estava marcado para as 8:30! E eu já estava completamente pronto, com todo meu equipamento revisado, até backup de câmera aquática eu possuía, enfim nada poderia sair errado para um dia tão fenomenal quanto o que eu estava prestes a viver. Quando percebi que ainda faltaria muito tempo, decidi esperar na sacada do segundo andar da casa de Ms. Pinetree e acabei conhecendo um senhor natural dos Estados Unidos, que vive em Palau a trabalho e que por incrível que pareça, falava português fluentemente…., como foi bom ouvir aquele bom dia! Me fez sentir como se estivesse na minha própria casa, de uma forma tão natural que sequer consigo encontrar palavras para descrever.
Snorkel no Palau
Quando meu transfer chegou eu já estava esperando na porta faziam vários minutos. Inquieto! Perplexo! Agoniado! Algo grande estava prestes a acontecer. Não demorou mais do que 10 minutos para chegarmos até à sede do Sam’s Tours. Eu teria dois tanques para esvaziar neste dia, porém logo fui informado que antes mesmo de partir para os mergulhos, eis que passaríamos primeiro no Jellyfish Lake. Meu rosto estampou um sorriso de orelha a orelha e a partir de então eu só queria entrar no barco e rumar para esse famigerado lago. Com o equipamento separado e revisado, conheci o divemaster e a assistente da expedição, o capitão da embarcação e o resto das pessoas que seriam meus companheiros durante as atividades do decorrer deste incrível dia: apenas 4 pessoas formavam o grupo.
Antes de partir foi preciso também adquirir a permissão de entrada neste lago especial, que também funciona para todos que vão mergulhar. Quem vai ver o lago também acaba pagando mais caro. São 100 dólares para a permissão incluindo o Jellyfish e 50 dólares para quem vai apenas mergulhar, preço relativamente justo para tal atração, singular neste nosso planeta. Fomos conversando sobre o lago, fomos descobrindo os detalhes aos poucos e a plenitude das informações veio definitivamente quando já estávamos flutuando nas águas deste lago. As águas vivas, que habitam aos milhares este recinto, já não fazem mal aos seres humanos, foram perdendo seus mecanismos de defesa com o passar dos anos por estarem isoladas do que seria seu habitat natural, sem a ameaça de qualquer tipo de predadores.
Água viva do JellyFish Lake – Palau – Micronésia
Existem vários tours que levam visitantes para fazer as atividades de snorkel no lago das águas vivas, porém os custos são realmente exacerbados. A alternativa mais econômica sem dúvidas é associar o passeio com um tour para mergulhos, desde que boa parte das operadoras da ilha oferece uma visita ao Jellyfish Lake completamente grátis quando você se registra para mergulhar. É válido lembra que não é permitido fazer mergulho com cilindro neste lago, e tampouco é necessário, desde que as águas vivas são visíveis até mesmo de fora d’água e também costumam ficar aglomeradas em lugares onde existe maior incidência de luz solar; não há mais nada a ser visto após os 5 metros de profundidade.
Palau – Koror – Águas vivas
Acredite em mim prezado leitor: não há lugar como esse lago no nosso planeta. Não na quantidade descontrolada de águas vivas que residem por aqui. Elas estão aos milhares. Impossível nadar no lago sem senti-las passando pelos seus cabelos, braços e pernas. Nosso snorkel durou cerca de uma hora e foi possível brincar com as águas vivas, mergulhar e voltar à superfície me perdendo em meio a tantos organismos vivos, pulsantes, de todos os formatos e tamanhos possíveis. Já vivenciei incontáveis experiências ao redor do mundo. Subi montanhas, mergulhei em oceanos profundos, caminhei entre trilhas desertas, entre vulcões e colinas, mas sinceramente nada que eu fiz até então foi tão inexplicável, tão difícil em traduzir com palavras.
Partindo do Jellyfish Lake rumo ao primeiro mergulho com cilindro – Blue Holes!