Logo ao acordar pela manhã na cidadela de Aguas Calientes, parti em busca do ônibus que me levaria até o portão de entrada do sítio arqueológico pela bagatela de 8 dólares. Mas espera aí, eu estou no Peru! Quero pagar com nuevos soles! Pois é, prezado leitor, mais uma vez comprovamos a disparidade entre o turismo para os locais e para os extrangeiros. Aqui não adianta tentar pagar com moeda local, pois a exploração turística é internacional, e se quieres subir até a entrada do Macchu Picchu de ônibus (só há uma compahia – mais um exemplo de monopólio peruano) então reserve seus 8 doláres para a passagem de ida e arrisque-se nas escadarias para economizar a volta. Assim o fiz e assim o faria novamente. Logo na saída das dependências de Aguas Calientes nota-se a placa de boas vindas ao Parque Arqueológico, e estar no portão de entrada e poder tirar uma foto com o mapa da cidade mais impressionante que já visitei em minha vida não teria preço naquele moomento.
Chegada a Macchu Picchu – Bienvenidos!
Depois de vários dias planejando minha ida a Machu Picchu, cheguei até o sítio arqueológico mais famoso da América do Sul em uma manhã totalmente nublada. Com promessas de que o tempo iria abrir por todos os lados, cheguei bem desconfiado e temeroso, com medo de verdade de ter passado por tudo que passei até chegar ali e o tempo acabar ficando totalmente encoberto. Mais segundo alguns guias, o nevoeiro tinha até hora marcada para desaparecer e então apreciaríamos com clareza a tão espereda “cereja do bolo” nesta minha viagem ao Peru.
Machu Picchu, ás 7 da manhã, totalmente encoberto!
Como eu fiz a minha viagem ao Peru em pleno verão, época chuvosa na América do Sul, tinha um grande receio de só encontrar água lá em cima. Isso me fez decidir por não subir até o topo do Wayna Picchu, a montanha grandona que ilustra o plano de fundo de todas as fotos tiradas em Macchu Picchu. E para chegar lá é uma verdadeira luta contra o tempo. Mais abaixo vamos explorar um pouco mais essa alternativa de passeio no Sítio Arqueológico de MachuPicchu.
Além de adquirir o trecho da ida via ônibus, eu adquiri o boleto de visia somente no dia em que subiria a montanha. Me dirigi até o Centro Cultural Machu Picchu e comprei meu bilhete de entrada por 128 soles (leve a carterinha de estudante e pague meia!). Pela realidade econômica peruana, creio que visitar esse sítio arqueológico é o passeio mais caro que fiz em todo o Peru. Visitei 5 cidades importantíssimas nesse país – Cusco, Puno, Arequipa, Ica e Lima. O custo mais elevado de todos os passeios que realizei foi Machu Picchu. Veja bem, foram os 90 dólares de ida e volta do Perurail, mais a estadia de uma noite em Aguas Calientes, mais o preço da entrada. Calculando bem superficialmente, creio que o custo total desse passeio, contando tudo, trem, estadia, ticket de entrada, guia e alimentação ficaram em cerca de R$ 300,00, bem caro para a realidade do Peru (veja só, eu paguei R$ 350,00 na ida e volta para o Brasil de LAN – Machu Picchu é um passeio caro, mas que vale toda a pena e cada centavo seu!)
Ticket de entrada, mapa e homenagem a Hiram Bingham
E se não fosse o tal do Hiram Bingham talvés não teríamos condições de visitar o Machu Picchu até os dias atuais! Ele, um explorador e político dos Estados Unidos, foi o primeiro extrangeiro a redescobrir esse sítio arqueológico no remoto ano de 1911. Bem na entrada do sítio você encontrará uma saudosa homenagem do povo peruano ao explorador estado-unidense. Hiram depois da grande descoberta, voltou ao seu país portando 5.000 peças arqueológicas deste sítio, tudo produto de escavações no próprio local. Essas peças foram reclamadas pelo Peru há muitos anos atrás, mas só foram devolvidas neste ano de 2011, quando foi comemorado o centenário do redescobrimento de Machu Picchu por Bingham.
E eu ainda acreditava que as nuvens impediriam a vista perfeita do tão esperado Machu Picchu.
Macchu Picchu semi encoberta pelas nuvens – 9 da manhã
E quando eu menos esperava, a profecia de todos os guias que diziam que o tempo iria abrir, finalmente aconteceu, e foi fantástico poder observar as nuvens se afastando calmamente e abrindo a visão de um dos lugares mais impressionantes que já tive o prazer de visitar em minha vida.
Machu Picchu – a cidade perdida dos Incas
A vista que eu pude apreciar depois que as nuvens se afastaram foi simplesmente incrível. Não havia tempo suficiente para conseguir compreender um lugar tão grandioso quanto Machu Picchu. Foi aí que consegui discernir as grandes partes e a subdivisão de toda a cidade. A organização de cada área, para uma época remota como a que foi construído impressiona a todos os turistas que visitam Machu Picchu pela primeira vez. Sim, aquilo foi uma cidade tempos atrás, e tinha condições de abrigar milhares de pessoas, bem no meio da Cordilheira dos Andes, remoto, afastado da civilização, intacto, único.
O maravilhoso sítio arqueológico de Machu Picchu
E quão panorâmicas são as fotos obtidas nesse lugar. É fácil ter todo o Macchu Picchu como plano de fundo das fotos. Em qualquer lugar que você esteja, você vai conseguir observar a cidade como um todo, sempre com o imponente Wayna Picchu ao fundo. Os turistas perdidos no meio da cidade se parecem com pequenas formigas, de tão grandioso que é esse recinto.
Turistas parecem formigas em Machu Picchu
Liberdade para explorar o lugar
Outro detalhe que também vai chamar a sua atenção, é a quantidade de lhamas que existem por ali. Vivendo totalmente livres para caminhar pelas várias terraças do sítio arqueológico, as llamas dão um toque de charme ao lugar. Eu tenho certeza que você também voltará para casa com algumas fotos como as que consegui tirar abaixo.
Lhamas em Machu Picchu
Mas como esses bichos foram parar aí? Foi a mesma pergunta que eu fiz a vários guias, que responderam com a maior naturalidade, que esse era o habitat natural delas, e que elas ficam por ali permanentemente. Fato é que as lhamas parecem fazer parte das paisagens desse lugar.
As construções de pedras sem rejunte, cimento, concreto ou argamassa são simplesmente impressionantes. Quão perfeitas são as técnicas de engenharia utilizadas pelos Incas séculos atrás! Pedra sobre pedra de várias formas e cortes. Como cortavam essas pedras? Como as transportavam acima dos dois mil metros de altura? Como posicionavam com tanta precisão, uma sob a outra, sem a utilização de nenhum equipamento ou ferramenta moderna? E o que teria sido de nosso planeta se essa civilização ainda existisse?
Pedra sobre pedra em Machu Picchu
Eu não me cansava de observar as construções! As paredes totalmente inabaláveis reforçam as dúvidas levantadas pelo parágrafo anterior. Como poderiam ter sido construídas? Qual foi o planejamento realizado por eles, a ponto de no final terem uma cidade completamente construída com pedras?
Paredes de Machu Picchu – Impressionam até os engenheiros do século XXI
Vários métodos para posicionamento das pedra
Pedras e mais pedras por toda a cidade de Machu Picchu
E as famosas terraças, quem é leitor assíduo do Blog Boa Viagem se recorda bem que já fizemos alusão várias vezes em nossas publicações sobre essas gigantescas estruturas existentes em vários sítios nos arredores de Cusco. Em Machu Picchu elas estão presentes por todos os lugares.
Defesa, cultivo, facilidade no acesso, drenagem, o que eram essas terraças? Quais as suas verdadeiras funções?
De uma forma ou de outra, Machu Picchu foi totalmente construída apoiada nessas grandes estruturas arquitetônicas desenvolvidas tão brilhantemente por essa cultura tão fascinante. Qual o verdadeiro motivo de existência das terraças? Essa é uma pergunta que eu acredito particularmente que tenha milhares de respostas.
Alguma dúvida da necessecidade dessas estruturas? Elas estão por todas as partes!
Setor agrícola de Machu Picchu
Seja pela agricultura, ou por qualquer outro motivo, ao visitar Machu Picchu nota-se o total planejamento e comprometimento com o sucesso desta grandiosa construção. Alguns historiadores atribuem ao famoso governante Inca chamado Pachacútec. Uma cidade construída com pedras, no alto de uma pequena faixa de terra entre duas montanhas e falhas geológicas, em uma região submetida a constantes terremotos e fartas chuvas durante todo o ano. Esse conjunto de características desafiam a qualquer construtor: como evitar que todo o complexo se desmorone? Segundo a maioria dos historiadores, o grande segredo da longevidade de Machu Picchu é o seu sistema de drenagem.
Fontes de água brotam por toda Machu Picchu em um complexo sistema de drenagem
É o legado arqueológico mais impressionante que podemos visitar na América do Sul. Creio eu que outros lugares equivalentes ao Machu Picchu, seriam as ruínas de Copán, em Honduras, e o sítio arqueológico de Tikal, no norte da Guatemala, ambos na América Central, visitados por mim, eu que também terão suas publicações aqui neste humilde recinto. Mas veja bem, nenhum dos outros está construído no meio de uma cordilheira a uma altura de 2.400 metros do nível do mar. Machu Picchu é impressionante! E sim, essa é a verdadeira e mais profunda experiência com o Peru. Para compreender o Peru é preciso visitar esse lugar.
Muitos turistas que vão até esse lugar não se contentam apenas com estar entre essas paredes seculares, e a verdadeira “cereja no bolo” está um pouco mais acima, e seu nome é Wayna Picchu
Machu Picchu com o Wayna Picchu ao fundo
A montanha Wayna Picchu é especial para quem visita esse lugar. Com 2.667 metros de altura, ela ilustra o plano de fundo de praticamente todas as fotos panorâmicas tiradas em Machu Picchu. Mas ela não é para todos! Definitivamente não! São os 200 primeiros visitantes a chegar ao Sítio Arqueológico que sobem. Apenas os 200 primeiros. Existe um caminho que parte do extremo norte de Machu Picchu com ligação direta de quase 90 graus ao topo do Wayna Picchu. É algo único, exclusivo, especial que eu deixei para minha próxima visita ao Machu Picchu (é claro que eu vou voltar lá!).
O topo do Wayna Picchu
Luiz, parabéns por sua linda viagem e obrigada por compartilhar suas experiências!
Luiz, meus parabéns pelo site. Muito interessante e com muitos posts detalhados das viagens! Ao ver essas fotos de Machu Pichhu me lembrei da viagem que fiz para lá no ano passado que foi certamente uma das melhores e mais interessantes da minha vida. Abraco
Olá, obrigado por visitar e comentar aqui no blog! Essas fotos também me dão uma nostalgia danada viu 🙂 Grande abraço e volte sempre!
Olá Luiz, parabéns pelo blog, Para ser sincero vale muito a pena subir Huayna Picchu, apesar do cansaço da subida, você squece tudo quando chega no topo. A vista de Machu Picchu que se vê do alto é fabulosa, indescritível, uma experiência que se deve ter. Deve-se levar em conta que as vagas para subir Huayna Picchu são 400 por dia e em dois horários: às 7h e 10h. Recomendo reservar o ingresso com bastante antecipação na página oficial. http://www.machupicchu.gob.pe/
Olá Jose, obrigado por visitar o blog e deixar seu comentário. Deixei realmente a cereja do bolo pra uma próxima oportunidade. Com certeza tenho que voltar ao Peru para realizar a experiência de ver Machu Picchu desde o topo de Huayna Picchu. Sem dúvidas é algo que vai estar na minha lista de desejos até eu realizar 🙂 Abraço e obrigado pela visita!