Falar um pouco hoje sobre esse país que pude conhecer no finalzinho do ano passado, a Jamaica, país que conheci de repente, meio que sem planejamento, como uma alternativa de complementar uma viagem de duas semanas que eu tinha emitido para Nova York. Hoje quero comentra um pouco com você sobre como pegar uma praia em Negril, ir pra Seven Miles Beach ou dar um pulo em algum canto dos Cliffs de West End?!

Foi fácil chegar em Montego Bay, ao menos pra quem tinha umas milhas sobrando no Lifemiles, outro tanto na American, bastou criatividade e um pouco de tempo para chegar às conclusões que a melhor alternativa seria complementar a viagem com duas semanas em Negril.

Eu até tentei sair de Negril. Eu confesso que esperava infinitamente mais da Jamaica. E são as expectativas que criamos com relação a um ou outro destino que podem fazer com que de fato nos frustremos, esperando algo mais. Nada contra a Jamaica! Pelo contrário, ainda quero voltar lá mais algumas vezes nessa vida! Mas contrário ao meu pensamento imaturo de viajante inveterado que gostaria de ter encontrado outro perfil de destino para um lugar tão aclamado como santuário de Bob Marley.

Praia na Jamaiaca
Praia de um resort all-inclusive em Negril na Jamaiaca

Ainda quero escrever muito sobre a Jamaica, é sério, eu gostei mas fiquei frustrado. Difícil comentar algo sobre um país tão vasto e incrível, contudo este é um diário de bordo virtual, não deveria ser falso comigo mesmo, concorda? E é justamente por isso que aqui deixarei registrado as minhas primeiras impressões sobre este que é meu décimo território caribenho já visitado. Eu sou um cara que gosta de visitar os destinos e viver a realidade por trás deles além daquilo oferecido pelo turismo, eu sou aquele cara que gosta de assistir aos espetáculos por detrás da cortina, o cara que contempla tanto o modo de agir de quem vive e daqueles que fabricam os destinos que visitamos, por essas e por outras eu achei que Negril deixou um pouco a desejar.

Praia em Negril: Seven Miles Beach

Não quero generalizar as minhas impressões, contudo eu previa uma Negril mais alternativa, mais aberta ao populismo, a lugares turísticos gratuitos onde poderíamos encontrar o povo local e etc…, assim como você vê em tantos outros lugares do mundo. Só que, chega a ser difícil de escrever, é complicado ver que boa parte da principal praia da cidade, a Seven Miles Beach, na realidade é rifada aos resorts e hospedagens. Não há “áreas públicas” para você entrar no mar. É claro que ele está ali, qualquer um pode chegar e entrar na praia, mas compreende que não existe por exemplo o Posto 9 (assim como em Ipanema), ou a Segunda Praia (como em Morro de São Paulo), é frustrante.

Seven Miles Beach na Jamaica
Seven Miles Beach, a praia e, Negril das 7 milha, Jamaica

Mais frustrante ainda é saber que pra você desfrutar de um pedacinho da praia, é meio que burocrático, você pode ir até um bar, deixar as suas coisas e usufruir da estrutura desse bar (supostamente você deve consumir algo…), pra enfim conseguir um pedaço de areia que seja seu. Confesso que achei isso meio estranho, mas ok, vamos lá! Ao menos é de boa quando você escolhe seu bar e fica por ali de bobeira, boa parte deles possuem inclusive wi-fi grátis, mas você não vai querer ficar pregado no celular em uma praia caribenha né! Bom, vai lendo…: no meu primeiro dia queria conhecer as coisas né, então sai caminhando pela praia do começo ao final, são 7 milhas! Eu gastei o meu primeiro dia inteiro fazendo isso.

Fiquei hospedado em um airBnb muito bom, mas nas colinas de Negril, um pouco distante de tudo, porém por meros 30 reais a diária! Eu precisava pagar 5 dólares a um moto táxi que me deixava na Seven Miles Beach para que eu pudesse desfrutar da estrutura da praia. Ele queria me deixar em um bar de “amigos” dele, contudo eu pedia pra ele me lançar na beira da estrada e eu entrava pela praia em qualquer lugar que desse. E às vezes era difícil chegar até a praia, pois veja bem, as propriedades em frente ao mar são privadas, então eles cercam a praia, não dá pra entrar por outros lugares, dificulta um pouco o trabalho do turista que quer se virar!

The Cliffs em West End

Se você não está hospedado na região da Seven Miles, então esquece! Fica mais difícil ainda desfrutar da praia. Contudo Negril não é feita só de praia, é também feita dos Cliffs de West End, quem sabe a alternativa que você vai escolher como refúgio para a sua viagem de férias alternativas para a Jamaica. Pois bem, pode até ser que você dê a sorte de pegar um hotelão fino, pois se pegar algo meia boca pode se frustrar novamente, já que a região dos cliffs é praticamente toda “rifada” às propriedades privadas. Não há um mísero lugar onde você possa entrar e ver os cliffs sem ter que pedir permissão a alguém, algo que seja público, algo que o governo banque para a população, não há NADA.

A bela região dos Cliffs em Negril
A bela região dos Cliffs em Negril

Eu fiquei hospedado também em West End, uma região de fato muito mais relax do que Negril (eu ainda vou falar um pouco mais sobre o centro de Negril e a Seven Miles…), não eu não fiquei em um hotel fino em West End, mas o lugar que eu fiquei foi mágico! Fez a minha viagem ser inesquecível. Fiz amizades verdadeiras foi um tempo legal! Mas eu confesso ainda que fiquei meio frustrado, visto que o bom mesmo é ir pro mar, o que era complicado, pois sempre tinha que pedir permissão pra alguém. Que chatice isso! E se é pra falar das chatices da viagem então vamos lá, prepare-se!

Sempre que eu caminhava pelas ruas, parecia que eu era isca fácil, putz até eu falar a primeira palavra né! No fim, todas as conversas que tive na Jamaica, de todas, creio que uns 90% no final era tudo sobre o meu dinheiro. Parecia que todo mundo só queria o meu dinheiro. Tinha horas de conversa para no final me pedir dinheiro ou me querer vender algo. Tive que falar uns mil e novecentos Nooo maaan tanks! só no meu primeiro dia de praia! É chato caminhar de um lado para o outro da praia! Na maioria das vezes você é respeitado, porém tiveram várias, inúmeras vezes que eu fui meio que intimado a parar e ver o que a pessoa tinha pra me oferecer (que ia desde “ganja”, a artesanato, prostituição, bebidas etc…). Raros foram os momentos em que encontrei pessoas para conversar e que fossem sinceras ao ponto de só quererem a minha companhia.

Claro que existiram as exceções, como as amizades que fiz em Negril, alguns trabalhadores que conversei em West End em lugares com visual estonteante, creio que a “positive vibration” de fato ainda existia no ar, contudo eu não tinha tanta coragem de sair sozinho pelas ruas de Negril durante a noite, pois cara, aquilo pode ser bem perigoso para um branquelo como eu (por mais que eu seja meio que latino). O assédio pelo direito de venda é muito alto, em alguns lugares você é disputado pelos traficantes.

Vista incrível dos cliffs de West End, na Jamaica
Vista incrível dos cliffs de West End, na Jamaica

Nas praias dos resorts, que nada mais é do que uma faixa da areia de Seven Miles Beach cercada por uma corda que vai do início ao fim de cada propriedade, tudo funciona perfeitamente para quem é turista. Boa parte dos hotéis também funcionam em regime de all-inclusive, então você não precisa ir até a cidade (e alguns desses estabelecimentos fazem questão de prender o turista por ali), de modo que cada fatia da praia cercada possui seu próprio segurança, garçons, arrumadeiras, staff do hotel e seu próprio “fornecedor”. Basta levantar o braço para que tudo esteja à disposição. Eu caminhei por todos os hotéis, todos funcionam da mesma forma. Alguns não permitem que você fique passando, fui intimado N vezes por seguranças, que me questionavam se estava hospedado em determinado hotel.

Hora pois se a praia não é pública então não posso ficar? Parecia meio confuso, contudo, com óculos escuro ao invés da vergonha na cara, eu me misturava à gringaiada e desfrutava mesmo! Um pouco de cada praia de cada lugar, não dava nada! Pelo contrário, alguns até me confundiam com turista e me ofereciam gratuidades, foi engraçado, contudo não havia outra forma de estar na praia, eu precisava estar em algum hotel. Eu até procurei vários lugares, como eu caminhei pra encontrar um lugarzinho público, descolado, bem cuidado, onde o povo toma banho de mar à vontade, mas não há! Não na Seven Miles Beach. Até encontrei alguns lugares onde tinham propriedades fechadas, matagal às vezes depois da praia, heii não é o lugar que você está buscando.

Vista obtida desde a minha alternativa de hospedagem em Negril
Vista obtida desde a minha alternativa de hospedagem em Negril

Medo de ser roubado, às vezes eu confesso que pensava nisso, mas cara eu não tinha nada de valor em mim! Eu andava liso! Sempre queriam meu dinheiro, ora, então vou andar sem ele! Passa cartão?! Eu até brinquei N vezes com isso. As coisas melhoravam quando questionavam a minha nacionalidade. Quando respondia que era brasileiro a coisa dava uma melhorada boa, contudo eu tinha que provar algumas das minhas habilidades como brasileiro né, de vez em quando me intimavam a beber haha, ou a jogar bola, ou a falar sobre o Pelé, o mais lembrado dos jogadores brasileiros por todos que conversavam comigo.

Me lembro bem de andar na praia com muita sede, debaixo de um sol escaldante, quando encontrei com um rastaman bem gordo que estava sentado no meio de uma das poucas áreas livres da praia em Negril. Ele me perguntou primeiro se queria cocaína. Eu caí na risada e falei que estava tranquilo. Perguntou por maconha, depois queria saber qual era a minha (se queria algum sintético ou qualquer outro tipo de drogas), eu continuei a rir, pois pra mim aquilo era já engraçado. Falei a ele que só queria uma boa conversa. Ele de pronto respondeu, então vá se sentando e vamos conversar! Ficamos ali por vários minutos falando sobre muitos assuntos enquanto o sol se preparava para ir embora.

A faixa de praia designada a um dos resorts de Negril
A faixa de praia em Negril designada a um dos resorts

Ele me falou que era traficante. A vida dele era traficar drogas. Ele tinha plantações nas colinas de Orange Hill, trocava maconha jamaicana por cocaína peruana em alto mar, ele era um traficante internacional de drogas! Ganhava a vida assim, vivia em Negril. Queria saber o que eu fazia e como era minha vida. Conversamos por horas sobre política, religião, cultura, sobre futebol. Ele me perguntou tudo sobre o Pelé e disse que queria ir até o Brasil vender drogas no Rio de Janeiro hahaha, uma comédia da vida real em Negril. Quando já ia me despedindo, no final ele me perguntou mais uma vez. “Tem certeza que não quer comprar nada!?”. Eu parti rindo!

Poderia escrever aqui por horas sobre tudo que me aconteceu por lá…, confesso que esses foram os assuntos que mais ficaram em minha memória, foi meio que impactante, esperava algo mais tranquilo, mais relax, contudo no fim acredito que foram experiências interessantes. Não voltaria a esse lugar novamente para a Seven Miles Beach, ou pra pegar praia em Negril, entretanto está nos meus planos voltar até a Jamaica para conhecer outros lugares, tal como Port Antonio. Em breve a gente fala mais sobre a Jamaica belê!?

Autor
Luiz Jr. Fernandes
Luiz Jr. Fernandes
Sou um analista de sistemas, fotógrafo, autor deste blog e viajante profissional. Já conheci mais de 70 países em todos os continentes do mundo. As minhas matérias são 100% exclusivas, inspiradas em experiências reais adquiridas nos destinos que visito. Obrigado por ler e acompanhar o meu trabalho.
Comentários do Facebook

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *