Meu último dia do ano de 2012 começou bem cedinho na Vila dos Remédios em Fernando de Noronha. No dia anterior eu havia consultado o pessoal lá na casa/hospedaria da Dona Maria de Gouvêia, qual seriam os melhores lugares para fazer um snorkel em Fernando de Noronha – eles me deram quatro respostas, breves e diretas: Sueste, Baía dos Porcos, Sancho e Atalaia. Conversando mais, fui tentando esclarecer todas as minhas dúvidas no dia anterior ao mergulho livre. Eu precisava traçar um roteiro interessante para fazer o dia render, no qual eu tivesse a oportunidade de conhecer o máximo com o mínimo de tempo possível – foi quando optei pela combinação Sueste pela manhã seguindo para o passeio mais famoso da ilha – o circuito do Sancho (que é tema do próximo post sobre Noronha).
Decidi fazer o básico para ter as experiências que todos os turistas buscam quando reservam um voo para Fernando de Noronha! Peguei o coletivo na Vila dos Remédios sem ter a mínima noção do que eu estava prestes a conhecer. Eu até havia feito algumas pesquisas, lido muitos blogs sobre Fernando de Noronha e os principais atrativos, mas sinceramente eu não me aprofundei pois eu queria muito ser impressionado. Eu não estudei quais eram os melhores lugares de mergulho livre, não me preocupei em conhecer a história de cada baía ou sequer fiz planejamentos para esta viagem – queria conhecer tudo in loco, para potencializar as experiências, e acabar me apaixonando por aquele arquipélago, assim como todos que o visitam pela primeira vez.
Entrei no coletivo e perguntei pro motorista quanto tempo gastava até chegar ao Sueste, eu mal sabia para onde estava indo! Ele me informou que a Baía do Sueste era seu último ponto de parada e que demoraria alguns minutos (cerca de 30 mais ou menos) para chegar até lá. Sentei ao lado de um local e comecei a falar sobre a minha vida e questionar a ele sobre a história por trás dessa baía que estava prestes a conhecer.
Segundo a pessoa que sentava ao meu lado no coletivo, a Baía do Sueste era um dos lugares mais mágicos de Fernando de Noronha. Um lugar especial, berço de centenas de espécies marítimas, de rica biodiversidade, no qual os visitantes conseguem ver com muita facilidade várias espécies de animais e plantas. As pessoas sabiam do local que estavam indicando – o Sueste é perfeito para quem ama fazer mergulho livre! Quem tem intimidade com snorkel, máscaras de mergulho e nadadeiras vai amar desbravar cada centímetro cúbico das paisagens aquáticas que este lugar oferece a seus visitantes.
Chegando na Baia do Sueste em Fernando de Noronha
Não demorou muito, desde que a conversa estava realmente envolvente e havia chegado ao Sueste. Ao desembarcar avistei um posto de recepção muito chique para os padrões da ilha – já são as benfeitorias realizadas pela Econoronha, a concessionária responsável pela administração da exploração turística desse arquipélago. Ali mesmo comprei meu passe de entrada ao Parque Marinho (me custou R$ 65,00) – com ele poderia voltar quantas vezes quisesse ao Sueste e também adentraria outros locais com as benfeitorias, tais como o Circuito do Sancho que faria logo a seguir.
Tudo muito bem arrumadinho, pessoas cordiais te explicando os detalhes sobre o Sueste, onde pode ir, onde não pode, o que pode fazer, até onde pode explorar e etc. Para fazer mergulho livre é necessário a utilização do colete salva-vidas, que eles alugam logo ali no posto da Econoronha. Também aconselham que os mergulhos sejam realizados na maré alta e com a assistência de um guia credenciado (você até pode ir sem um, mas não vai conseguir ver tantas coisas quanto se estivesse com um guia – eles sabem tudo sobre o Sueste). Na minha primeira oportunidade decidi ir por conta própria, afinal eu precisava ter esse momento de intimidade inicial com Noronha sozinho! Mas eu não me atiraria ao mar sem antes apreciar a beleza do local…
Sueste, LUGAR EXPLÊNDIDO, com aves voando e mergulhando em busca de alimento
Este é realmente um dos lugares mais especiais de Noronha – é aqui que o pessoal do Projeto TAMAR, do IBAMA realiza todos os procedimentos com as tartarugas marinhas – em dias selecionados durante a semana, eles vão a captura de espécimes desses animais para fazer as medidas e verificar como estão se desenvolvendo – isso pois o Sueste é um dos ecossistemas mais sensíveis de Noronha – este é um dos principais locais de alimentação dessas tartarugas, devido a esse e outros motivos existem diversas regras para o mergulho – os turistas devem respeitar os limites das bóias, mantendo-se sempre afastado dos lugares demarcados por elas! Além disso não é permitido realizar qualquer tipo de caminhada no costão de pedras, e mais uma vez friso a necessidade de alugar o colete, sem ele não tem diversão!
Uma vez ciente de todos os detalhes é só pular na água – as saídas e retornos são obrigatoriamente realizados pela praia da Baía do Sueste, recomendam também não afundar para correr atrás dos animais ou sequer encostar os pés no chão, para evitar qualquer tipo de abuso ao meio ambiente. Eu não tive tanta sorte no Sueste – mergulhei duas vezes, vi muitos bixos, vários cardumes, mas infelizmente a visibilidade estava sempre HORRÍVEL, o mar estava muito mexido, mas todas as pessoas que conversei falaram que era por conta de um SUEL (grandes ondas) que estavam prestes a chegar e a baía já estava sentindo as influências deste efeito natural. Mesmo assim consegui avistar belas tartarugas logo nos primeiros minutos dentro da água!
Encontro com cardumes e tartarugas em snorkel no Sueste
Devido a caça ser proibida, os animais se acostumaram de uma forma impressionante com a presença dos seres humanos em seu habitat natural. As tartarugas nadavam tão tranquilamente na minha direção, passando raspando, realmente ao alcance das minhas mãos!
A face de uma das tartarugas que encontrei no Sueste
Mergulhei mais ou menos por umas 2 horas, depois saí do mar, devolvi o colete que havia alugado, tomei um banho de água doce (bem racionada, rapidinho só pra tirar o sal mesmo), comprei uma água com gás, procurei uma das mesas vazias com guarda-sol no deck do Sueste e aguardei tranquilamente o coletivo que chegou cerca de uns 30 minutos depois, ainda não eram 11 horas da manhã e eu estava ávido por conhecer o lindíssimo Circuito do Sancho, com a praia mais linda do Brasil, que vocês conhecerão no próximo post do Blog Boa Viagem! Não vão perder né!?
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