Viagem para Cuba: dicas para que sua viagem seja um sucesso!

Viagem para Cuba

Olha pessoal, eu realmente ainda estou tentando digerir tudo que aprendi durante os dias que estive em uma viagem para Cuba. De fato Cuba é um país repleto de contrastes e que merece ser vivido, mais do que ser experimentado turisticamente. Vistamos muitos destinos por suas potencialidades turísticas e por todo lazer que podemos adquirir durante nossas férias, contudo Cuba ainda é um país fora do nosso século. Com costumes e particularidades únicas, as possibilidades de aprendizado com as diferenças que podem ser vivenciadas por aqui são realmente um prato cheio para exploradores ávidos por desfrutar das disparidades que este nosso diverso mundo tem a nos proporcionar.

Hoje estou aqui em minha casa de família na Calle Curazao, no coração de Havana Vieja, e tirei um tempinho do corre corre nas vielas cubanas para registrar aqui ao vivo e em muitas cores um pouco daquilo que tenho aprendido. Com certeza esse aprendizado gerou frutos em minha personalidade e vai ser sem dúvidas absorvido pelas pessoas que passarem por aqui. A seguir eu compartilho com você algumas das minhas impressões mais interessantes sobre a vida real aqui em uma viagem para Cuba. São algumas dicas que eu ralei para aprender na prática e que lhe trago mastigadinho para sua viagem até Cuba ser um verdadeiro sucesso.

Viagem para Cuba – Saindo e voltando ao Aeroporto Internacional


Viagem para Cuba: checkin do Aeroporto Internacional de Havana em Cuba

Existem várias maneiras de fazer o transfer entre Havana e o Aeroporto Internacional José Martí, distante vários quilômetros dos principais bairros turísticos da capital cubana. Contudo não há um método econômico, ou com o preço no mínimo considerado “justo”. É uma grande facada pagar um táxi para ir até Havana Vieja por exemplo, que poderá facilmente cobrar entre 50 e 60 euros para fazer o corre (em pesos convertibles é claro). Acredito que outras maneiras sejam utilizando as lotações em vans realizadas por empresas como a Via Azul ou a Transtur que podem ser encontradas facilmente logo no pátio de desembarque do Terminal 3. O custo pode cair para 25 euros por pessoa (ou menos caso esteja em grupo).

O viajante que está sozinho sempre acaba pagando mais caro. Entretanto, os viajantes solitários que costumam ser assíduos por aqui se bonificam com a minha experiência relatada, já que fui primeiro e ralei para aprender como é feito da forma econômica. O segredo do sucesso aqui é pegar uma máquina, ou aqueles grandes carros antigos norte-americanos que entram e saem constantemente do aeroporto. Seja pedindo uma cola (carona), ou ainda oferecendo-se para pagar um valor pré-determinado, é fácil e agradável sair do aeroporto já conversando com cubanos nativos, além do que podemos ajudá-los na dura missão de sobreviver em Havana com uns trocados a mais. Ofereci 10 e pediram 15 euros. Eu não pensei duas vezes e entrei no táxi alternativo.

A vantagem só foi aumentando quando viram que eu não tinha uma hospedagem definida (devido a uma mudança brusca de planos ocasionada pela força do tempo nublado e chuvoso), entretanto os amigos que fiz no aeroporto por uma necessidade minha, manifestaram total interesse em me encaminhar a uma hospedagem agradabilíssima! Eu até pensei num primeiro momento que poderiam estar pensando em ganhar também uma comissão da dona da casa, mas depois de muito caminhar atrás de uma hospedagem, eu vi que acabei pagando direto para a dona da hospedagem o custo que realmente era cobrado a todos que por ali chegavam, em média 30 CUC (leia CUC = ao preço do euro ok?!). Ah, o custo da corrida acabou ficando nos 10 mesmo, depois de brigarmos muito por conta de 5 CUC, afinal de contas eu sou brasileiro, gosto de regatear e estou em Cuba 🙂 Prometi também a esse amigo que ligaria para ele e faria meu transfer de volta ao aeroporto com a ajuda dele novamente, e pagaria um pouco a mais, ele ficou contente e me deu seu número de telefone. Enfim, eu estava na vizinhança chamada Vedado e tinha uma habitação para chamar de minha (com direito a banheiro privativo, Tv, ar condicionado, frigobar e uma cama bem confortável).

Viagem para Cuba: Onde ficar? Havana Vieja ou Vedado?


Viagem para Cuba: Carrões antigos estacionados em Havana Vieja

A resposta para esse questionamento vai depender muito da disponibilidade de tempo e interesse que o viajante possui em descobrir Havana. Para quem tem pouco tempo pode ser nada conveniente ficar hospedado em Vedado, visto que os principais marcos urbanos turísticos de Havana estão entre os arredores de Havana Centro e Havana Vieja. Quem opta por estar no Vedado vai ter mais sossego para conhecer a vida real rotineira dos cubanos que vivem nessa região. É possível caminhar tranquilamente por várias horas sem ser incomodado pelos jineteros (que insistentemente incomodam nas ruas de Havana Vieja), poderá realizar suas refeições em típicas cafeterias que cobram em Moeda Nacional, caminhará por ruas largas que reservam surpresas aos olhos que ainda estão por descobrir o socialismo implantado e vigente por aqui até então.

Aos meus olhos a vizinhança do Vedado é o que consideraríamos em outras regiões do mundo um “bairro nobre”. Dá pra sentir a diferença logo ao pisar em Havana Vieja pela primeira vez. No primeiro bairro, as pessoas possuem casarões mais amplos, com garagens e áreas externas devidamente conectadas aos casarões, que se transformaram em áreas de lazer para os hóspedes das “casas particulares”. Em Havana Vieja não há espaço para isso. É no Vedado também que podemos conhecer as principais disparidades proporcionadas pela revolução socialista, tal como os mercados que vendem o básico (produtos alimentícios, como arroz, feijão, farinha) por quase nada e os supermercados que vendem o “luxo-básico” a preços exorbitantes (tal como produtos de higiene e limpeza). Aqui é comum entrar em um lugar e pagar/ser cobrado somente em moeda nacional, contudo é fácil ver o que é para os cubanos e o que é feito somente para a gringolândia.

Quem opta por ficar em Habana Vieja acaba no umbigo da verdadeira Cuba. Ruas apertadinhas com seus casarões apoiados por fincas de madeira evitando que tudo se rompa em vários pedaços estão por todos os lados. Existem partes do bairro em que você poderá caminhar por horas e encontrar apenas cubanos e tudo que é feito para eles, contudo quanto mais caminha-se para as vias comerciais – tal como a Rua Obispo, mais é notório a mudança do comportamento frente à enxurrada de turistas gringos que por ali sempre estão. Os preços passam a ser em CUC, o tratamento passa a ser mais voltado para a captura do turista, tudo parece converter facilmente para um “capitalismo” moldado para atender aos requisitos de uma sociedade socialista que simplesmente não consegue se sustentar sem os recursos provenientes do turismo.

Respondendo à questão anterior, qual é mais certo?! Havana Vieja ou Vedado?! Você vai encontrar centenas de alternativas de hospedagem em ambas, porém a resposta exata a este questionamento é bem simples: depende do tanto de tempo que você vai investir em Havana. Eu troquei toda minha viagem para Cuba planejada de 5 dias para ficar apenas em Havana. Eu precisava absorver melhor essas diferenças e não me sentiria muito em paz tostando no sol de qualquer praia caribenha desse país conhecendo a realidade ostentada por esse povo. Optei por ficar uma noite em Vedado e outras 4 noites em Havana Vieja. Até então tem dado certo e não me arrependo das minhas decisões, há muito o que ver, fazer e aprender caminhando por essas ruas.

Viagem para Cuba: Hotel ou Casa Particular?! Onde eu posso me hospedar?!


Viagem para Cuba: Saiba quais são as alternativas de hospedagem existentes em Cuba

Com a dificuldade de atrair recursos para as famílias cubanas, o governo de Fidel optou por dar liberdade para as pessoas receberem turistas em suas casas, compartilhando uma fatia gorda com o governo socialista dos lucros obtidos por essas hospedagens familiares. Existe uma dura fiscalização em cima dessas hospedagens, os donos das casas são obrigados a compartilhar as informações de quem ficou, por quanto tempo ficou, qual o número do passaporte, e reter um determinado valor referente ao imposto exigido por essa prestação de serviço. Bom para os moradores que obtêm renda extra sem precisar sair para trabalhar (e equiparada ao euro hein!) e perfeito para o governo falido de Cuba que não consegue construir hotéis ou prover condições ao seu povo para prosperar conseguindo construir soluções de hospedagem mais interessantes. De modo que hoje as hospedagens familiares passarão a ser em um breve futuro os “hotéis boutique” de Havana.

Existem várias alternativas no ramo da hotelaria, porém é claro que eu não preciso mencionar aqui que é para OS GRINGOS né!? Tudo muito caro, exorbitantemente caro pela qualidade obtida, isso ao menos em Havana. Enquanto consegue-se um quarto particular com ar-condicionado, TV via Sky, banheiro privado, roupas de cama, toalhas e tudo muito limpíssimo em média por 30 CUC, os hotéis começam a cobrar acima dos 100. Pode até melhorar para quem vai para fora de Havana, tal como em Varadero, onde é possível conseguir diárias em All-Inclusive iniciando nos 60 CUC por dia, entretanto se você vem para Havana, de fato que a minha melhor dica é que você pesquise bem na internet e opte por uma casa familiar bem conceituada e com boa localização.

Viagem para Cuba: Paladares, restaurantes ou cafeterias?! Qual é o seu lugar de comer?!


Viagem para Cuba: Ropa Vieja Cubana, prato típico em uma cafeteria cubana

Essa é boa! Paladares são restaurantes familiares de alto nível, bem comparáveis às casas de família que recebem hóspedes por temporadas. Antigamente começaram como pequenas “cafeterias”, vendendo lanches, doces, refrescos e que acabaram se desenvolvendo mais do que o esperado, a ponto de abrirem portas para as ruas, espalharem mesas e cadeiras em suas varandas e configurarem um menu ao “paladar” de seus visitantes gringos. A decoração também faz a diferença, são lugares descolados, chiques, longe do poder aquisitivo dos cubanos. Cobram em CUC e oferecem comida crioula. Sempre serão mais caras do que as pequeninas cafeterias que podem ser encontradas praticamente em todos os quarteirões de Havana. A diferença é básica: a cafeteria cobra em Moeda Nacional, oferece um menu enxuto entretanto com várias alternativas de pratos típicos e deliciosíssimos. As boas cafeterias estão repletas de cubanos. Eles arrumam um cantinho na sala de estar para fazer a recepção de seu restaurantezinho e pimba meu amigo(a), é só fazer o seu pedido e pagar feliz da vida em pesos cubanos. Por mais gordo que eu seja e por mais vontade que eu tinha de comer, eu nunca conseguia terminar uma refeição completamente (de tão grande que era). Eu nunca paguei mais do que 3 euros por uma refeição completa incluindo um refrigerante cubano de cola (ou naranja).

Quando optei por visitar os “Paladares”, que levam este nome por conta de uma novela da Regina Duarte, eu sempre fui tratado como um estrangeiro. Serviço impecável, refeição deliciosa, pratos, talheres e guardanapos limpíssimos. Eu estava em um lugar que não era definitivamente feito para cubanos, eu estava em algo planejado para receber o turista estrangeiro nos mínimos detalhes, desde o tratamento e atenção dispensadas até o valor que pagaria no final devidamente estabelecido em Pesos Convertibles atrelados ao câmbio do euro. Isso me matava de raiva e sabe por que?! Muitas das vezes as cozinhas dos restaurantes eram a mesma! Em uma portinha recebiam os gringos com seus paladares, em outra logo ao lado estava lá o menuzinho exposto da cafeteria atendendo aos cubanos. O mesmo arroz. A mesma carne. A mesma cozinheira. Uma conta em euros com valores acima dos 10 até 15 por prato (mas que serviam até duas pessoas com fartura), do outro não mais do que 2 euros por um prato pessoal farto e delicioso. Eu comia em pé como os cubanos, pedia comida para levar e me organizava na minha hospedagem para me alimentar sossegado, feliz por pagar o mesmo que os cubanos. Pra ser sincero eu até me sentia discriminado quando me via sentado em um paladar pagando muito mais caro do que os irmãos cubanos que estavam a comer apenas alguns metros de distância do lugar em que estava sentado.

Você também vai encontrar alguns restaurantes no meio do seu caminho. Considerados como a ponta mais extrema da alternativa gastronômica em Cuba, esses sim são feitos especialmente para cubanos endinheirados em busca de farra e diversão. Mais do que para cubanos, são feitos para europeus, para norte-americanos e para também nós brasileiros em busca de um pouco mais de modernismo e satisfação em atendimento. Existem dezenas de barzinhos descolados ao longo da Obispo e suas imediações, porém pode ir preparado para pagar preços verdadeiramente exorbitantes, acompanhados sempre por serviço de altíssimo nível, música ao vivo de qualidade e atendimento de qualidade internacional. Porém vai pagar em euros cubanos (CUC) e terá um atendimento que não perde em nada para qualquer destino europeu. É uma questão de custo benefício entende?! Se quer pagar barato e comer bem, vá a uma cafeteria, daquelas que expõem os preços em Moeda Nacional na janelinha de atendimento. Se quer algo mais chique mas não tão exorbitantemente caro, então vá a um paladar bem conceituado e de preferência recomendado por sua casa particular. Agora se quer gastar bem, comer bem, ser bem tratado e de quebra ouvir Guantanamera ao vivo, então vá a um dos barzinhos/restaurantes mais finos de Havana.

Falar sobre onde comer e o que comer em Havana dá uma tese de mestrado. Ou até mesmo de doutorado. É possível passar uma semana com 20 euros de alimentação e também é possível estourar os 20 euros e ainda ficar devendo em uma única refeição, para cada peso há uma medida, basta você encontrar aquilo que vai te satisfazer melhor em suas necessidades.

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Viagem para Cuba: Cambistas de wi-fi! Como ter internet em Cuba.


Viagem para Cuba: Dezenas de pessoas acessando a internet em Cuba

Como é que fazemos para conectar na internet em Cuba?! Sem dúvidas um dos países mais fechados do mundo também estão longe de estar desconectados da rede mundial de computadores. Eu acreditava que ficaria por vários dias incomunicável, sem qualquer tipo de possibilidade de encontrar uma rede sem fio onde poderia dar um sinal de vida para quem ficou lá fora no mundo real, porém eu estava redondamente enganado. A internet aqui é acessível, só que restrita a uma dúzia de cambistas de wi-fi que ficam perambulando com seus hotspots pelas principais praças cubanas. Basta que você compre uma tarjetita (cartãozinho) de 3 CUC para ter uma hora de internet lenta e disputada por vários turistas e cubanos. Você saberá que está em um dos lugares onde é possível ter internet wi-fi pelo comportamento das pessoas. Dezenas de homens, mulheres, crianças e idosos sentados com seus rostos iluminados pela forte luz das telinhas dos smartphones e tablets lhe indicarão que este é o lugar da internet. Não precisa fazer esforço procurando o cara que vende os cartões. Muitas vezes você será abordado por um deles antes mesmo de entender que aquilo ali é uma zona de acesso à wi-fi. É bom tomar cuidado pois existem os atravessadores de cambistas, cubanos humildes que te perguntam se quer internet e te levam até o manda chuva apenas para ganhar alguns minutos de internet grátis como uma comissão por ter lhe levado até o lugar onde é possível comprar a internet. Eu achei isso um grande absurdo e sempre que era atravessado eu abandonava a ideia de me conectar.

Vi que em vários hotéis mais requintados havia sinal de wi-fi próximo. Não sei se cobravam a parte ou se estava incluso nas hospedagens, de fato que viajar para Cuba é ter um detox não somente da vida caótica capitalista das grandes cidades mundiais, mas principalmente é ficar isolado de redes sociais, e-mails, informações turísticas à uma Googlada. Faz sentido pedir ajuda para as pessoas nas ruas, pegar informações anotadas em papelzinhos, usar o telefone público para chamar alguém que precise. Tire a internet de sua cidade e comece a imaginar como seria a sua vida real em pleno 2016 sem as comodidades da rede mundial e você estará próximo a compreender o que é a verdadeira Cuba que acontece hoje.

A minha dica de ouro para quem quer internet em Havana: tem um carinha chamado “Chino” que fica no final da rua mais comercial de Havana, a Obispo. Você vai caminhar até o final da rua, vai chegar em uma grande praça onde já existirão pessoas conectando na internet e facilmente alguém vai chegar te oferecendo o cartãozinho de acesso a internet pelos 3 CUC. O que acontece é que se continuar a caminhar até o final da rua, vai passar por essa grande praça e encontrará no final da rua um hotel grande onde várias pessoas estarão sentadas por ali acessando internet. Ali você encontrará o Chino que vende 30 minutos por 1 CUC, ou até mesmo mais tempo pelo mesmo preço se a demanda não estiver muito grande (e quase sempre estará!).

Viagem para Cuba: CUC ou MN? Me explica melhor essas moedas aí…


Viagem para Cuba: Menu de uma cafeteria em Havana com preços em Moeda Nacional

CUC = Pesos Convertibles, com sua taxa de conversão atrelada ao euro. MN = Moeda Nacional, com 25 você compra um CUC. É a moeda dos cubanos, é como fazem as contas, como compram e vendem, é a moeda nacional. Esse lance de ter duas moedas oficiais e um câmbio paralelo entre elas pode fazer qualquer viajante ter um nó nas contas em sua cabeça. Basicamente sempre lhe cobrarão em CUC. Entretanto existem lugares onde poderá pagar em Moeda Nacional sem discussão. Praticamente todos os lugares aceitam ambas as moedas fazendo, é claro, os câmbios necessários para que você possa enfim pagar sua conta, contudo é importante mencionar que a Moeda Nacional é infinitamente mais vantajosa com relação ao CUC. Primeiro pelo prazer de pagar com uma nota emitida pela República de Cuba, segundo por não ser discriminado apenas por sua nacionalidade gringa brasileira e por último por ser extremamente mais barato do que se usarmos CUCs. Todas as cafeterias vão lhe cobrar em moedas nacionais, sendo possível inclusive comprar souvenirs e presentes em alguns mercados do Bairro Chino com Moeda Nacional.

Os CUC são a alternativa que o governo de Fidel Castro encontrou para equiparar os pesos e medidas de uma ilha socialista repleta de turistas capitalistas. Não é possível fazer muita coisa sem os CUC no bolso. Uma corrida de táxi é paga em CUCs (vamos falar mais sobre isso no último tópico dessa matéria). Passeios turísticos são pagos em CUCs, as hospedagens nas casas de família, a conta nos barzinhos e “paladares”, compras em lojinhas descoladas, praticamente tudo que é feito para turistas é pago e cobrado com CUCs, é impossível passar dias em Cuba sem carregar uma boa bagatela de CUCs em sua carteira. E diga-se de passagem que quando chegamos nesse ponto, tudo realmente fica muito mais caro do que seria para os cubanos e sua Moeda Nacional. Com um dos menores salários mínimos do planeta, o cubano não tem muitas alternativas quando falamos sobre gastos, investimentos e capitalização de moeda estrangeira.

Viagem para Cuba: Como ter as moedas cubanas?! Casas de Câmbios e Caixa Eletrônico. Meu cartão de crédito vai funcionar?!


Fila na porta de uma CADECA, casa de câmbio cubana. Moeda nacional ou Convertível? Qual devo usar?

É praticamente impossível chegar a Cuba com as moedas nacionais no bolso. O que eu recomendo fortemente nesse âmbito é justamente levar moeda estrangeira forte que não seja dólar. Qualquer operação realizada em Cuba terá um leve custo adicional se for originada em dólares. O mais recomendável é realmente trazer euros, pois os Pesos Convertibles (CUCs) estão atrelados à cotação do euro, é um para um e ponto final. Se você levar os dólares, ou sacar em moeda local nos vários ATMs terá que pagar uma sobretaxa de 10% por estar realizando uma transação que envolverá dólares americanos. O segredo do sucesso é realmente levar moedas que possuem força internacional, tal como o Euro, o Dólar Canadense, o Yen, a Libra Esterlina e tantas outras que te vão fazer sair na vantagem enquanto converte sem sobretaxas. Nesta ocasião eu levei dólares canadenses, que possuíam uma excelente taxa de conversão no Brasil e que consequentemente preservaram o valor do dinheiro investido sem perder qualquer tipo de porcentagem para o surreal câmbio dos CUCs. Não venha com reais, com moedas de outros países tal como Argentina, Colômbia ou Venezuela pois você complicará seu meio de campo e certamente não conseguirá fazer os câmbios necessários.

Existem vários caixas eletrônicos ao redor de toda Cuba. Facilmente você pode conseguir sacar em CUCs direto de sua conta corrente, ressalvando-se é claro toda a esquemática de conversão do CUC para o dólar e enfim ao real. Assim sendo você acabará pagando mais caro do que se trocasse euros em uma casa de câmbios aqui em Cuba. Entretanto essa pode ser uma excelente alternativa para escapar das filas quilométricas que existem nas Cadecas e reforçar o estoque financeiro da viagem caso esteja rodando com um nível baixo de moeda estrangeira em espécie. Em Havana, e apenas aqui em Havana existem os bancos da rede Banco Metropolitano, facilmente encontrado em qualquer grande praça do centro. Possuem caixas eletrônicos que dispensam Pesos Cubanos para cartões de Cuba e Pesos Convertibles para cartões estrangeiros. Fora de Havana existem os bancos da rede Banco Nacional de Cuba, que está presente em outras cidades cubanas mais desenvolvidas, porém aparecerão com uma menor frequência que o Banco Metropolitano na capital.

A pergunta que você deve estar se fazendo sem parar é a mesma que me fiz durante meus primeiros dias em Cuba: como é que eu, estrangeiro, vou conseguir ter Pesos Cubanos?! É simples: basta ir nas Cadecas, a casa de câmbio oficial do governo de Cuba. Elas estão espalhadas pelas principais praças de Havana Vieja e também facilmente encontradas em outras cidades da ilha de Fidel. Você pode trocar CUCs pela Moeda Nacional na cotação correta de 25 para 1. Uma vez com seus MNs em mãos é partir pra barganha nas ruas, ressalvando-se é claro que quase sempre será necessário carregar MUITO dinheiro para pagar pequenas contas. Ao meu ver, é essencial ter moeda nacional de sobra nos bolsos para evitar seus euros irem embora escoando pelas frestas das mãos enquanto consome-se pelas ruas de Cuba.

Viagem para Cuba: Táxi, máquina, coletivo, bicitáxi, como se deslocar em Havana?!


Viagem para Cuba: Você pode até dar um rolé por Havana em carrões dos anos 50

Outro ponto complicadinho da vida real em Havana: deslocamento. É praticamente impossível conhecer os principais marcos urbanos de Havana sem dispensar vários CUCs para conseguir se deslocar. Os táxis credenciados lhe cobrarão em CUCs. As máquinas, carrões antigos dos Estados Unidos que rodam como coletivos pelas ruas de Havana podem ser uma excelente alternativa para conseguir chegar mais longe pagando em moeda nacional. Qualquer corrida com os carrões lhe custará em média uns 10 pesos cubanos dependendo da distância percorrida. Eu percorri mais de 20 quadras pagando 10 pesos, o que considero uma verdadeira barbada para um país com os padrões cubanos. As corridas de táxi entre os bairros principais de Cuba costumam valer 10 CUCs. Uma vez nos bairros é possível vencer as distâncias com a ajuda das bicitáxis, uma espécie de tuk tuk cubano. Com 2 CUC você poderá rodar de uma ponta à outra dos bairros a um custo verdadeiramente irrisório.

De fato que a melhor forma de conhecer Havana Vieja e seus arredores é caminhando. É bom estar preparado para vencer boas distâncias se quer conhecer os principais marcos urbanos. Quando cansar de caminhar basta levantar a mão e terá uma manada de bicitáxis prontos para lhe levar para qualquer lugar que gostaria de visitar. Há ainda serviços de ônibus coletivos cruzando Havana de ponta a ponta, pode ser um pouco mais complicado de entender as linhas e pontos de parada, contudo a complicação é recompensada brilhantemente pelo custo irrisório das passagens desta solução de transporte.

Então em súmula é bem simples: grandes distâncias requerem táxis. Que cobram em CUCs. Para pequenas distâncias, use as máquinas, ou carrões norte-americanos dos anos 50/60 que funcionam como uma lotação. Eles vão te cobrar em moeda nacional a um preço realmente convidativo. Caso necessite percorrer curtas distâncias dentro do mesmo bairro, use os bicitáxis, que lhe cobrarão no máximo 2 CUCs pela corrida completa.

Concluindo…


Viagem para Cuba: Caminhando pela Praça da Revolução, famosa pelas imagens de Che e Cienfuegos

Cuba é uma caixinha de surpresas até mesmo para quem ficou explorando esse país por tantos dias em um só lugar como eu o fiz. De fato que 5 dias são mais do que suficientes para conhecer e reconhecer a capital cubana, contudo parece que quanto mais optamos por ficar em Havana, mais ela tem essa sedutora maneira de nos prender a suas veracidades tão extraordinárias. É praticamente impossível ignorar toda a realidade vivenciada por esse povo e ir direto ao deleite de suas praias caribenhas, portanto se está planejando uma viagem para Cuba, faça o possível para reservar ao menos uma semana para conhecer 2 destinos. De fato este não é um país para se conhecer na correria. É preciso tempo para compreender suas disparidades, é preciso investir várias horas conversando com as pessoas, analisando friamente suas realidades, afim de compreender tudo que está acontecendo neste país que se vê trancado em um passado distante, mas que tenta acompanhar a globalização feroz que vivemos neste século XXI. Vida longa à Cuba íntegra. Sem McDonalds. Sem Coca-Cola, Pepsi, Fanta. Sem wi-fi grátis.

Gostou das dicas?! Já conhece Cuba e tem algo a complementar a esta matéria?! Será um grande prazer ler e responder a cada um dos comentários que vêem logo a seguir 🙂

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Categorias: CaribeCubaCuba, EUA, México

Veja os comentários (4)

  • No dia em que Fidel faleceu, eu leio esse texto... Cuba sempre foi um sonho, e com certeza um dia irei conhece-lo. Muito legal seu texto, gostei bastante e ira me ajudar muito! Parabens

    • Olá Rafael, tudo joia?! Obrigado pela visita e por deixar seu comentário! Realmente este país é um sonho, inexplorado, quero voltar, alugar uma máquina com alguns amigos e rodar pelas rodovias do país conhecendo os Keys (Caios) e as praias paradisíacas e praticamente inexploradas que existem aos montões ao redor de toda ilha. Dessa vez foi apenas para Havana, mas de fato o país merece retorno. Abraços e obrigado mais uma vez por visitar e comentar aqui no blog!

  • Cara, acredita que quase fui a Cuba há 2 anos, mas acabei desisitindo pela falta de wifi? Na época eu não podia me permitir estar sem por muito tempo. Agora, a ideia de cambistas de wifi é muito louca. Obrigado pelas dicas, preciso ir a Cuba urgentemente, agora que o país está mudando tanto e, principalmente pós-Fidel, já não será a mesma. Abraço!

    • Oi Pedro, tudo joia?! Realmente é um lugar fascinante né não?! Acho que essa parte da wi-fi faz com que esse seja um destino único no planeta, visto que estamos cada vez mais conectados, e ali ainda é possível estar 'ilhado' inclusive do mundo virtual. Mas hoje ainda já existem muitos sinais de wi-fi pela ilha, dá pra perceber que está tudo mudando muito rápido. Abraço e obrigado pela visita!