A noite anterior havia sido tensa, não é fácil passar a madrugada inteiro acordado com medo de alguém tentar contra sua vida, escutando passos no meio da escuridão, cachorros latindo e o desconforto dos insetos, porém conseguímos um visto de trânsito com duração de sete dias para percorrer o Malawi rumo ao seu extremo norte, com destino à Tanzânia e seguimos viagem.

Adentrar uma nova nação, com nova moeda e costumes era algo que estávamos ávidos nessa altura da roadtrip. Só queríamos encontrar um bom lugar para repousar os nossos corpos cansados e conseguir nos reestruturar para seguir viagem. Nosso destino no Malawi era Cape Maclear, um dos melhores lugares no país para conhecer as maravilhas do Parque Nacional do Lago Malawi. O que esperar de um país onde 20% de seu espaço territorial é composto pelas águas e recursos provindos de um lago, diga-se de passagem um dos mais importantes lagos do Sudeste da África? Eu estava com meus olhos ardendo quando chegamos a mais um caótico terminal rodoviário no meio da cidade de Lilongwe.

Viajando pelo Malawi desde Lilongwe até Cape Maclear
Viajando pelo Malawi desde Lilongwe até Cape Maclear

Mais uma vez foi preciso colocar nossas habilidades viajantes a prova quando nos vimos cercados por dezenas de atravessadores querendo nos empurrar passagens para qualquer lugar que fosse. Foi só ficar calado, continuar caminhando com a cabeça baixa e nos agregar em um grupo no grande terminal, para que então um de nós buscasse a passagem. Essa é uma dica de ouro para qualquer pessoa viajando na África. É preciso ser astuto e ficar calado para não sofrer assédio dos atravessadores, comprando direto na fonte. Sem conhecer nosso destino os ambulantes ficavam sem saber o que oferecer e desistiam de tentar ganhar uns trocados às nossas custas.

Viajar no Malawi foi uma tarefa DÍFICIL, mais do que em qualquer outro país que visitamos na África. Sinceramente é preciso ter sabedoria e paciência para não cair em qualquer roubada! Para chegar até Cape Maclear foi preciso antes viajar até Monkey Bay, porém não existia nenhum ônibus que rodava direto para lá. Essa foi outra parte bem complicada no nosso trajeto. Conversa daqui, dali e eis que encontramos um ônibus que dizia ir para essa baía e de lá teríamos que nos virar para conseguir chegar no nosso destino, que ainda ficava a alguns quilômetros de distância.


Viajando no Malawi

Nós gastamos 8 horas para percorrer 150 quilômetros. Tem noção da paciência exigida para viver isso? Some a isso a grande dificuldade para encontrar uma refeição completa e com o cansaço da noite virada do avesso na fronteira com a Zâmbia. O ônibus, de fabricação chinesa, possuia péssimas poltronas, pequeninas, juntinhas, não reclináveis e era preciso suportar durante a viagem uma música altíssima com clipes de reggaeton africano que passavam em uma tv dentro do buzão, odor de transpiração no máximo possível, galinhas e afins como bagagens de mão – um ambiente fiel ao que encontramos em nossa viagem no Malawi

Por mais caro que fosse, parecia que um carro alugado viria bem à calhar na nossa situação. Fomos deixados no meio do nada quando o motorista do ônibus disse que não continuaria até o final pois não existia mais gente para viajar, desde que o veículo não estava mais lotado e já passavam das 7 horas da noite. Eu não sabia sequer o nome do lugar onde estava e minha sorte era o GPS do meu telefone indicando que ainda faltavam vários quilômetros para chegarmos até a tal da Monkey Bay.

Fomos lançados como iscas a um grupo de piranhas famintas. No mesmo instante que decemos do ônibus e pegamos as mochilas brotaram pessoas do nada vendendo o que fosse que tivessem em suas mãos. Como sempre todos perguntavam se queríamos ajuda, um taxi, um hotel, ou comprar qualquer coisa. E isso prezado leitor, no meio do NADA. Um pequeno vilarejo no meio da estrada sem estrutura nenhuma para nos abrigar. Comecei a pensar na hipótese de dormir ao relento quando apareceu um senhor em uma caminhonete se oferecendo para nos levar até qualquer lugar que quiséssemos, pois dormir por ali poderia ser muito perigoso para nós viajantes (a.k.: BRANCOS!). Bem ele nos cobrou U$ 50,00 para nos deixar em um hotel de Cape Maclear e foi sincero quando disse que a viagem ainda era longa. Chacoalhamos por mais de uma hora na carroceria dessa caminhonete e no fim conseguimos chegar ao Guecko Lounge, nossa residência por dois dias no Malawi. No meio do caminho eles fizeram questão de afirmar que Monkey Bay

Baobá em Cape Maclear - Malawi
Baobá em Cape Maclear – Malawi

Apesar da demora, das dificuldades e do receio de ser passado pra trás, chegamos a um lugar que parecia ser um paraíso em meio a esses caóticos dias de viagem na África. Precisávamos de um banho, de uma cama confortável e de uma boa comida para recuperar nosso fôlego e seguir em frente. Cape Maclear foi o lugar que nos abrigou de uma forma excepcional e nos fez mergulhar literalmente em uma imersão cultural que marcou nossas vidas de uma maneira realmente excepcional. Quer saber o que eu fiz durante esses dias no Malawi!? Não deixe de acompanhar nossas próximas matérias sobre esse incrível desti

Autor
Luiz Jr. Fernandes
Luiz Jr. Fernandes
Sou um analista de sistemas, fotógrafo, autor deste blog e viajante profissional. Já conheci mais de 70 países em todos os continentes do mundo. As minhas matérias são 100% exclusivas, inspiradas em experiências reais adquiridas nos destinos que visito. Obrigado por ler e acompanhar o meu trabalho.
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