Acredito que a parte mais sinistra de qualquer viagem internacional por terra seja ficar preso em uma fronteira. Este cenário pode se agravar se essa fronteira for entre a Zâmbia e o Malawi, lugarzinho infestado de ambulantes, pedintes, gente querendo vender alguma coisa para você ou quem sabe até te roubar, te sequestrar (TE MATAR!). Eu e meus amigos ficamos presos por uma noite no Mchinji Border Post enquanto tentávamos vencer os quilômetros que nos levariam até a Tanzânia para enfim conhecer Zanzibar e o Kilimanjaro.
O que você faria se chegasse para ganhar o carimbo no passaporte e o fiscal de fronteira te informasse que não poderia fazer isso por você? Tenso não é mesmo?! Vivenciei uma noite tenebrosa nesse lugar antes de conseguir finalmente pisar no Malawi. Quando chegamos na fronteira, vindos de Lusaka em um ônibus que cortaria a madrugada rumo a Lilongwe, fez-se necessário que todos os viajantes descessem para fazer os trâmites legais de imigração. Até aí tudo normal, inclusive no lado zambiano que carimbou nosso passaporte inutilizando o visto que custou U$50!. Ao apresentar meu passaporte e dos outros dois companheiros de viagem, o fiscal da fronteira ficou perplexo me olhando e pedindo pra que aguardasse a vez de todos os outros que estavam no ônibus.
Fronteira entre Zâmbia e Malawi
Assinamos um livro de registro, preenchemos o cartão de imigração e aguardamos os poucos viajantes que seguiam conosco rumo ao Malawi. Todos foram atendidos enquanto aguardávamos sem saber os motivos de não termos nossos passaportes carimbados como todos na fila. O fiscal de fronteira me chamou novamente e disse que não poderia emitir um visto do Malawi para nós ali naquele momento pois nosso país não estava em uma velha lista que indicava quais eram as nacionalidades com direito ao Visa On Arrival à essa nação africana. Ele fez questão de me mostrar a lista e disse que não poderia fazer nada, que não estávamos aptos a entrar no Malawi. O desespero tomou conta geral, inclusive o motorista do ônibus ficou sem saber o que fazer ao acompanhar a nossa situação. Fiz questão de registrar em vídeo essa realidade para compartilhar com vocês aqui no blog:
Preso por uma noite entre Zambia e Malawi
Fomos orientados a esperar pelo chefe de fronteira, que só chegaria no dia seguinte, por volta das 9 da manhã. Eram pouco mais de meia-noite quando milagrosamente apareceu um taxista, do nada, querendo saber se iríamos precisar de alguma coisa, algum serviço. Bom, nossa atitude foi unânime e decidímos ficar por ali mesmo. Foi uma das noites mais complicadas de toda a viagem. Com pouquíssima água potável para beber, sem almoço, jantar ou qualquer refeição, cansados por ter rodado o dia todo num ônibus lotado e ainda teríamos que passar a noite em claro em uma terra de ninguém, tentando evitar um assalto ou sofrer qualquer atentado contra nossas próprias vidas. Ficou decidido que revezaríamos o sono durante toda a noite. Estendemos sacos de dormir no chão sujo e infestado de insetos e tentamos esticar a coluna por algumas horas. Eu não consegui fechar meus olhos por um minuto sequer.
Foi uma noite difícil na qual o medo maior era de que qualquer um entrasse por ali e tentasse nos assaltar. A todo momento apareciam pessoas caminhando no meio da noite de um lado para o outro nessa terra de ninguém. Passos no meio da madrugada, cachorros latindo longe e muitos insetos. Orei a Deus para não pegar um malária naquela noite e confiei Nele a nossa inteira segurança. Vi o sol nascer no meio do nada, sentado em um banquinho do lado de fora na fronteira, impedido de seguir viagem por não ter um papel.
Conseguindo visto na fronteira da Zâmbia com o Malawi
Quando o dia já estava claro o posto de fronteira começou a ficar movimentado e um dos fiscais veio até nós para tentar entender a situação, e pedir uma certa “ajudinha” para nos tirar dali da melhor forma possível. Nos recusamos a pagar qualquer propina, entrentanto demos a entender que gostaríamos que tudo se resolvesse da melhor forma. Ele disse que por essa “ajuda” nos colocaria para conversar com seu chefe que poderia emitir um visto para nós continuarmos a viagem. Foi muito azar não ter esse visto na chegada emitido imediatamente, acontece que o Mchinji Border Post parou de emitir vistos na chegada para qualquer nacionalidade há dois anos atrás e nós não sabíamos disso. Quando conseguimos falar com o chefão, eis que veio a solução: ele emitiria o visto de trânsito que precisávamos pela bagatela de U$ 70,00 a unidade (U$ 210,00 no total para 3 viajantes!!!), mas não sem antes fazer uma criteriosa entrevista que durou cerca de 30 minutos.
Problemas com visto para entrar no Malawi
Como era melhor continuar a viagem pelo Malawi do que percorrer tudo de volta ao caótico terminal rodoviário de Lusaka para seguir caminho até a Tanzânia pela própria Zâmbia, pagamos o preço do visto e agradecemos ao chefe de fronteira por sua prestatividade. Eis que o fiscal que arranjou a nossa entrevista pediu então a “ajuda” e eu já com o visto pregado no passaporte apertei sua mão forte e agradeci, já caminhando rumo à porta de saída sem olhar para trás. Ele não poderia fazer mais nada contra nós, já estávamos com os pés dentro do MALAWI.
Bueno, de pronto todos tenemos un Pèrez en la cabeza, asì como aquel comic del doctor Merengue, con la diferencia que Pérez se dio el gusto de sopapear a su compañerito de oficina. Creo que este post estuvo buenìsimo, aunque en mi mente de doctor Merengue, yo hubiera barrido la oficina con el tal compañerito… new york prom dress
Olá tudo bem? Estou em Livingstone e quero ir pra Malawi. Com essa confusão que vcs passaram na fronteira fiquei com medo. Vcs sabem informar se já está ok o visto pra brasileiros?
Oi Josefa! tudo joia?! Tire o visto do Malawi em uma embaixada deles no seu caminho ANTES de chegar na fronteira! O visto na chegada ainda não é emitido para brasileiros e no nosso caso em particular tudo isso foi uma grande sorte… Países isentos de visto no Malaui Estrangeiros oriundos de países do Commonwealth (exceto Camarões, Índia e Nigéria) e dos países listados abaixo não necessitam de visto para entrar no Malauí, a não ser que planejem ficar no país por mais de 90 dias: Antígua e Bermudas, Austrália, Bahamas, Barbados, Bélgica, Belize, Brunei, Canadá, Chipre, Dinamarca, República Dominicana, Ilhas Fiji, França, Gâmbia, Alemanha, Gana, Guiana, Islândia, Irlanda, Itália, Jamaica, Estados Unidos da América, Japão, Quênia, Kiribati, Lesoto, Luxemburgo, Madagáscar, Malásia, Maldivas, Malta, Ilha Maurícia, Moçambique, Namíbia, Nauru, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Papua Nova Guiné, Portugal, Ilhas Samoa (Ocidental), San Marino, Seychelles, Serra Leoa, Singapura, Ilhas Salomão, África do Sul, Sri-Lanka, São Vicente e Granadinas, Suazilândia, Suécia, Tanzânia, Tonga, Trinidade e Tobago, Tuvalu, Vanuatu, Zâmbia, Zimbábue, Uganda, Reino Unido da Grã-Bretanha e Colônias.