O que estou prestes a relatar está longe de ser um dos meus melhores dias na América Central. Já fiz muitas loucuras para pagar mais barato e desfrutar do melhor possível ao menor custo, mas isso sinceramente foi loucura. Meu último capítulo da série sobre a Ilha de Ometepe no meio do Lago da Nicarágua termina justamente com uma insana escalada até o cume do Vulcão Concépcion, simplesmente o pico mais alto de Ometepe.
Sempre que viajo tento não ser explorado ao máximo! Na verdade eu odeio a hipótese de chegar a um destino e ter que enfrentar centenas de pessoas te cercando, oferecendo as coisas, querendo ser amigável! Em várias dessas vezes é fácil acabar sendo assaltado ou ainda pior, conseguir uma confusão e por em risco sua integridade dentro do país. Mas há excesões! Ometepe não foi uma delas!
Já fiz muitos passeios em vários países em que sinceramente não dependia de um guia. Eu acreditava que Ometepe e o vulcão Concepcion seria assim também. Pois é, eu estava enganado! Eu subestimei a força desse astro da natureza e acreditei que a melhor forma de conseguir chegar ao seu cume seria indo por conta própria. Aliás, esta não seria a primeira vez (neim será a última) que me aventurei em um ambiente desconhecido sem um guia local para me auxiliar. E isso foi um erro grave!
E nesse caso exclusivo foi muita pão duragem! Isso pois éramos cinco no nosso grupo e um guia não nos custaria mais do que dois dólares por pessoa, mas mesmo assim, “metemos a cara” sem o guia mesmo, erramos o caminho da trilha já em um lugar muito alto e a escalada se transformou em um verdadeiro rapel na trilha de lava endurecida.
Em Ometepe, vulcão Concépcion
Quer uma dica? Um guia pode ser essencial de vez em quando…
Queria eu poder ter ouvido essa dica no dia antes da escalada em Ometepe. Isso pois assim eu teria pago sozinho o guia e ido pelo caminho mais fácil! Teria sido auxiliado por ele com relação a roupas, alimentos, e equipamentos em geral para a escalada e acima de tudo – ele teria me alertado com relação ao que nós mais esquecemos de levar em consideração – a água. Passamos sede e a volta foi terrível.
Isso pois não tinhamos a noção exata do tempo que seria gasto para subir e tampouco do preparo necessário para que tudo corresse totalmente bem tanto na subida, quanto na pior parte – a descida. Gastamos quatro horas para nos aproximar do fim da trilha pela mata e depois mais 4 para conseguir chegar até a imagem da foto anterior. E isso pois essa foto foi tirada depois de muita caminhada, faltando ainda mais 2 horas de escalada em 90 graus vulcão acima até o cume.
Rumo ao cume do vulcão Concépcion em Ometepe
Definitivamente não foi fácil! Vale lembrar também que não pagamos a taxa de 2 dólares cobrada para atravessar certas terras particulares que existem no caminho até o cume. Foi uma economia inválida! O guia teria nos auxiliado e subiríamos pela trilha mais fácil até o cume do vulcão.
Não tenho fotos muito boas daqui adiante pois o clima fechou e chegou um ponto que as caimbras me impediram de continuar até o cume. Eu e um dos cinco companheiros decidimos optar pela descida.
Conhece aquele ditado que diz que para baixo todo santo costuma ajudar?? Aqui foi um pouco diferente. Demorei mais tempo para a descida do que o gasto na subida. Isso pois esses caminhos de pedras formados pela lava que escorreu do vulcão são como uma piscina de bolinhas de crianças, você pisa em uma pedra e não existe sustentação! Elas iam escorregando e com isso os tombos iam acontecendo natural e dolorosamente.
Mas o maior despreparo foi por deixar faltar a água. Até havíamos levado uma coca-cola de 3 litros, mas ela acabou já na subida e acabamos ficando só com a saliva por umas boas 4 horas de caminhada. Já exausto e sem conseguir caminhar, via a igreja da foto abaixo como uma saída para conseguir água para continuar a caminhada de volta, mas só consegui encontrar com uma senhora que vivia com seu marido na casa abaixo. O meu segundo maior erro dessa estada em Ometepe – peguei um verme com essa água e só fui melhorar no fim da minha passagem por Honduras. Conheci a capital Tegucigalpa passando muito mal e lá consegui um “mata viermes” que me fez dar conta do resto que faltava. Esse resto ainda eram Honduras, Guatemala e El Salvador.
Uma igreja e o casebre dos locais que ajudaram
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