O pôr do sol em Wadi Musa nos recepcionou aos arredores de Petra de uma forma espetacular. Aquela bola de fogo foi para o ocidente levando consigo as cores das montanhas que escondem as incríveis construções que se transformaram no mais importante Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO existente em território jordaniâno.

Esta remota cidade deserta é indubitavelmente um dos mais importantes tesouros arqueológicos do nosso planeta, bem como a atração mais famosa e importante da Jordânia. Eu até arriscaria palpitar a seguinte afirmação: o que mais impressiona neste lugar não são somente as gigantes construções talhadas na pedra das montanhas, pelo contrário, acredito que o show de cores em Petra é um dos seus principais atrativos! Em lugar nenhum do mundo consegui ver tantas variações de cores para as areias em que caminhava. Desde o amarelo pastel, passando por todos os tons que o distanciam do cor-de-rosa. Em vários momentos foi preciso parar, colocar a areia na mão e forçar a vista para comprovar que realmente a areia era rosa.

Para relatar as minhas experiências neste destino é preciso adentrar um pouco o passado do Oriente Médio, mais precisamente até o ano de 1.200 AC., período no qual a região onde se encontra Petra foi ocupada pela tribo dos Edomitas. Petra possuia o nome de Sela em edomita, nome que significa “pedra”, “penhasco” ou “rocha” e foi uma das mais importantes rotas comerciais entre a Península Arábica e a atual Síria durante sua existência como região habitada. Entre os anos 64 e 63 a.C., os territórios nos arredores de Petra foram conquistados pelo general Pompeu e anexados ao Império Romano, porém Petra estava ainda apenas no princípio de sua história.

Castelos esculpidos nas montanhas de Petra - Jordânia
Castelos esculpidos nas montanhas de Petra – Jordânia (El Khazneh – A Câmara do Tesouro)

Esta foi uma cidade próspera durante seu domínio por parte do imperialismo romano, porém dois grandes terremotos devastaram a cidade forçando as rotas comerciais a trilharem novos rumos, levando consigo a prosperidade desta região, transformando esse lugar em uma verdadeira cidade deserta por muitos e muitos anos. Os olhos do mundo começaram a se voltar novamente para as ruínas de Petra ainda na Idade Média, quando os resquícios desta fantástica cidade antiga ainda se mostravam completamente perdidos para o Novo Mundo. Apenas no ano de 1812 um viajate suíço chamado Johann Burckhardt redescobriu o que hoje é considerado o principal atrativo turístico dessa nação, fazendo-o ser reconhecido em todo o oeste do planeta.

Atualmente os viajantes que chegam na Jordânia pelo sul do país, assim como nós o fizemos pela cidade de Aqaba, a viagem dura por volta de 3 horas. Aqueles que desejam visitar Petra desembarcando em Amã, a capital desta nação do mundo árabe, deverão fazer uma viagem de carro ou ônibus por pouco mais de 4 horas. A taxa de admissão é bem salgada: pagamos cerca de U$ 80,00 por pessoa para apenas um dia, entretanto pode valer a pena estender um pouco mais o período de explorações nesse destino comprando o passe válido para dois dias (U$ 85,00), desde que o sítio arqueológico é gigantesco e acaba sendo praticamente impossível conhecer tudo em apenas um único dia.

Principal destino turístico da Jordânia: Petra
Principal destino turístico da Jordânia: Petra

É claro que eu fiquei lá só durante um dia e tentei otimizar ao máximo minha viagem! O clima desértico complica a visitação, requerindo bastante líquido para evitar a desidratação e também faz-se recomendado que os visitantes levem sua própria comida para evitar os custos exacerbados praticados por vários ambulantes que tomam conta do lugar. Eles vendem de tudo e a preços realmente inflacionados! Uma garrafa com 1,5 litros de água pode custar em média 0,5 dinares jordanianos (pouco menos de 2 reais) FORA dos arredores de Petra (no centro de Wadi Musa por exemplo). Já no meio do caminho entre uma atração e outra chegamos a encontrar ambulantes vendendo garrafas de água com 500ml por exorbitantes 4 dinares (quase 15 reais!!)

Preparamos uma mochila recheada com lanches, frutas, sucos e bastante água e decidímos explorar Petra em apenas um dia para tentar conhecer mais dos outros lugares desta nação. Foi uma caminhada sofrida no sol escaldante durante umas 8 horas com breves paradas nas sombras que íamos encontrando em nosso caminho. A primeira grande atração que merece destaque é a Câmara do TesouroAl-Khazneh – que surge de forma explêndida depois de vencidos os 1,2 quilômetro pela estreita estrada natural entre montanhas que alcaçam mais de 80 metros de altitude (As-Siq), conectando a entrada de Petra a suas principais atrações.

Sem dúvidas um dos principais monumentos é a grande Câmara do Tesouro, desde que esta é uma das maiores e mais impressionantes construções dentro deste complexo arqueológico, alcançando uma largura de 30 metros por 43 metros de altura. Porém não me impressionei tanto com esta construção desde que o grande desafio aos visitantes de Petra está em Ad Deir, o antigo monastério, visto por apenas uma pequena parcela dos turistas, desde que foi talhado em um local de díficil acesso, próximo do topo das montanhas. Quem desejar ver de perto este lugar, terá que vencer uma difícil e desafiadora escada com mais de 800 degraus, onde sol, tempo seco e altitude se transformam nos agentes de seleção dos viajantes que desejam conhecer os principais edifícios de Petra.

Anfiteatro e vista panorâmica de Petra na Jordânia
Rua de Façades, teatro romano e a vista panorâmica de Petra na Jordânia

Outros lugares que mereceram a minha atenção foram o High Place of Sacrifice (alto lugar de sacrifício), de onde é possível ter uma visão panorâmica de todo complexo, e que também possui díficil acesso através de escadas esculpidas nas rochas das montanhas. Uma vez no topo a vista é sensacional, um dos mais perfeitos lugares para fazer um belo lanche enquanto contempla-se as paisagens em tons pasteis da cidade antiga de Petra. Logo depois que desci do altar de sacrifícios, passei próximo ao Obelisk Tomb, um lindo monumento que demonstra a mixigenação entre culturas do Leste e Oeste no ato da construção de Petra.

Ad Deir - O monastério - em Petra
Ad Deir (“O monastério”) em Petra

Concluindo, na minha humilde opinião, o lugar mais fantástico de Petra é o Monastério! Difícil para ser alcançado, porém com uma vista bastante recompensadora. Cravado no topo da montanha Ad-Deir, enquanto vencia os degraus aproveitva para descansar à sombra dos lugares com vistas espetaculares deste grande Patrimônio da Humanidade. Historiadores e livros de turismo apontam a Câmara do Tesouro como principal edifício deste sítio arqueológico, tanto que foi transformado no principal cartão postal de todo país. Eu discordo veementemente dessa afirmativa, desde que acredito na idéia de que a mais excitante atração deste lugar é sem dúvidas o Monastério, pois para chegar até ali, é preciso esforço físico e determinação para no fim conseguir apreciar a paisagem ilustrada pela montagem anterior!

Autor
Luiz Jr. Fernandes
Luiz Jr. Fernandes
Sou um analista de sistemas, fotógrafo, autor deste blog e viajante profissional. Já conheci mais de 70 países em todos os continentes do mundo. As minhas matérias são 100% exclusivas, inspiradas em experiências reais adquiridas nos destinos que visito. Obrigado por ler e acompanhar o meu trabalho.
5 comentários publicados
  1. Estou na estrada de Ma an para Amã. O trecho é duplicado. Para um país pobre o acabamento da estrada é razoável. Tudo nivelado, mas há cordões de serra ao longe. Desertão arenoso granular. O landscape é instigante, nada ao derredor, mas o deserto está ocupado, como que uma convivência amorosa com a imensidão inóspita porque assim o Deus Alá quis. Chiquérrimo o raciocínio porque Deus é um só. Tem pouco inglês na sinalização, mas parada em beira de estrada tem o P do parking, retonas sem fim, céu sem nuvens. A mercedes é hegemônica quando o assunto é caminhão nesta estrada. Há detalhes como que insólitos, taxis coloridos e postos de gasolina fantasmas na vastidão aberta do deserto. Muitas carretas mas que seguras vagam na imensidão nivelada, onde há espaço demais. Ao longe power lines viajam paralelas à estrada como que amigonas solidárias para cruzar o complanado e vasto sem fim quebrando o estigma de ermo do mundo.

  2. Eu nunca viajei numa estrada como que balizada por pedaços de pneus, como esta de Ma´an – Amã. São recapagens ou ressolagens que descolaram de pneus provavelmente recauchutados e jazem alguns metros ora do lado direito deserto da estrada, ora no lado esquerdo canteiro central. É um caso insólito. A dúvida me gravita. A visibilidade se deve às condições físicas ou é um problema da região quando o assunto é pneus?. Se a coisa é trágica, não deixa de ser cômica e inusitada…:)

  3. Se Deus quiser chegarei em breve à capitalzona Amã. Uma estrada de deserto é paradoxalmente mais interessante. Esta Ma´an – Amã é daquelas que se o motorista cochilar, estatisticamente pode só ter sustos. É que saindo da estrada, por conta do nivelado, um motorista indiana jones vai até gostar do poeirão que vai levantar…:). Um militar sozinho como que perdido, uniforme marrom-vermelho, pede carona na imensidão. Não entendi. Contêineres Maersk, UASC e tanques ABO Hussein for transport rebocados por cavalos mecânicos mercedes são os senhores da estrada. Os vi reunidos num posto de gasolina cercado pelo nada de nome manaseer…:)

  4. The show must go on. É a rodovia do sol da Jordânia. Simples mas instigante. Estou cruzando por um lugar de nome Al Hasa. Espaço nivelado é o que não falta. Tudo bege-cashmere (cor do meu antigo dodge dart). Não vejo moradias como que mitificadas. São construções simples, mas que até surpreende, a Jordânia não é rica. Não tem uma urbanização cheia. O deserto e o areião sem fim são como que permitidos serem a paisagem predominante. Talvez seja o elã da coisa. E a restama hilárica de pneus continua como sentinelas à margem da estrada, inusitadamente ao longo da estrada…:)

  5. A paisagem é então como que homogênea. Não aparecem novidades. O deserto é soberano. É uma rodovia de carretas, quase literalmente mercedes actros 1843 e 2544. Não há escritos em língua árabe nos caminhões. Não vi o menor de um recado religioso nos caminhões, como é muito comum no Brasil. Um pórtico já me anuncia Queen Alia International Airport, Amã está a 30 km… From the things a man builds maybe the road is the one that must suggests him the fast, the transitory and the ephemeral in life…:)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *