No último post que relata a minha viagem recente à Polinésia Francesa, contei um pouco sobre as minhas primeiras impressões em Maupiti e como consegui hospedagem em uma das ilhas mais lindas do mundo por meros U$ 25,00 (com direito ao café da manhã e ao jantar). Hoje eu venho compartilhar com você mais alguns dos meus sentimentos nas primeiras caminhadas e descobertas que realizei logo ao chegar nesta que é uma das ilhas do Arquipélago da Sociedade.
Depois de ter viajado por quase 50 horas entre voos e conexões internacionais, eu havia chegado à irmã mais nova de Bora Bora, considerada uma das ilhas mais lindas do mundo. Eu estava cansadíssimo, com o sono vencido, com muito jet-lag mas mesmo assim eu não consegui dormir e decidi que deveria aproveitar o sol que fazia e o tempo firme para conhecer a única praia mais próxima da civilização e assim parti para explorar os arredores da Terei’a Beach.
Caminhando na lagoa de Maupiti rumo à Terei’a Beach
Quando cheguei à Terei’a, eu estava ainda meio que atordoado por conta da viagem e também por ter passado o resto da primeira noite acordado em Papeete esperando o voo que vinha cedinho pra Maupiti. Eu queria sentir o calor do sol, pisar com meu pé descalço na areia, caminhar sem rumo, encontrar um lugar pra me refrescar e descansar na sombra de qualquer coqueiro.
Sendo guiado pelo Rex, um dos cachorros da casa da Tehei
Ao sair da casa da Tehei, pensão à qual estava hospedado nesses dias em Maupiti, fui orientado que poderia encontrar facilmente o caminho mais direto para a praia caminhando nas margens da lagoa. Antes mesmo que eu me colocasse pronto para a caminhada, o Rex (o cachorro da foto anterior) já ia na minha frente, como se fosse meu próprio animal de estimação, como se estivesse me guiando rumo à Terei’a.
Primeiras impressões de Terei’a Beach
E quando eu cheguei na praia definitivamente, eis que o visual realmente me conseguiu fazer relaxar num segundo…
Embarcadouros, coqueiros e uma lagoa de águas cristalinas
Uma praia de águas tranquilas, sem ondulações, com quase nenhum visitante, com poucos locais, porém com a capacidade de fazer qualquer pessoa se sentir embalada pelo “island time”!
Era ainda muito cedo, antes do meio dia, quando eu decidi procurar algo pra comer por ali mesmo. Lembrei que o pai da Tehei havia me dito sobre uma espécie de restaurante que eu poderia encontrar por ali, dizendo ele que a comida era muito boa! Resolvi dar uma chance à senhora que ali estava com seu marido, afinal de contas eu não tinha muitas alternativas e queria ficar por ali durante mais tempo.
Snack bar na Terei’a Beach
Poucas opções em um cardápio humilde que existia sobre o balcão. Sem saber falar inglês, eles balbuciaram algumas frases que deveriam ter algo haver com boa receptividade. Dava para perceber que ela estava pronta para anotar meu pedido. Sem muitas alternativas, escolhi o que pareceu ser a melhor refeição: fish ‘n chips!
Filé de peixe frito com batata frita (muita fritura pras artérias)
Por cerca de 10 dólares eu consegui uma senhora refeição: um filé gigante de peixe (dourado do mar), acompanhado por uma porçãozona de batatas fritas empapadas em óleo. Eu consegui comer a metade e o Rex acabou ficando com o resto! Naquele momento nós formávamos uma dupla dinâmica imbatível, e agora, com a barriga cheia, era hora de repousar!
Depois do almoço: encontrei uma sombra pra descansar com uma vista
Eu não tinha abridor de cocos, e a água em seu interior eram o líquido “bebível” abundante nessa praia. Eles estavam por todos os lados, em vários tamanhos e qualidades. Num primeiro momento achei bonito, só que depois a sede foi apertando e eles me pareceram apetitosos e refrescantes. Tentei repousar e curtir a vista e deixei para me preocupar com a sede depois (um erro grave em um lugar como a Polinésia Francesa, onde a desidratação pode atacar rapidamente).
Multi tons das águas da lagoa de Maupiti
Como não se deixar encantar com o visual maravilhoso dessa pequenina Maupiti? Eu fiquei por horas perambulando de um lado para o outro na Praia Terei’a, sem saber o que fazer. Não havia ninguém para eu tecer amizade além do meu próprio guia cão, o amigo Rex. Não haviam turistas. Não haviam muitos locais também. Eu estava do jeito que realmente imaginei que um dia ficaria na Polinésia Francesa: sozinho comigo mesmo em contato com a natureza exuberante dessas ilhas.
Águas claras da Terei’a Beach em Maupiti Paradise
De fato não sabia para onde apontar os olhos! A todo momento me pegava perplexo contemplando o horizonte e tentando compreender o quão profunda era a beleza do lugar ao qual os meus pés estavam tocando naquele momento. Meu olhar contemplava cada detalhe com grande satisfação, realmente estava desfrutando de um lugar que poucas pessoas no mundo chegaram a conhecer e aquilo me fazia sentir uma grande paz interior.
Mar multi azulado em Maupiti
Quando vi que existiam vários barcos estacionados por ali, eu comecei a pensar em uma metodologia alternativa para conseguir matar a minha sede nas horas vindouras. O peixe com fritas estava tão salgado e oleoso que minha boca já clamava pelo doce sabor da água refrescante que existia em qualquer um daqueles diversos cocos que estavam se perdendo na praia. Eu tinha que aprender a extrair a água daqueles cocos sem a ajuda de uma faca ou um abridor e encontrei a forma perfeita em uma das canoas que por ali estavam paradas.
Paisagens encontradas enquanto caminhava sem rumo pela praia de Maupiti
Com força eu abria o topo dos cocos e dava uma pancada rápida em um pedaço de metal que estava pregado na canoa. Eu sei que poderia estar dando margem para pegar alguma doença, afinal de contas vai saber quando aquilo que eu estava usando para abrir os cocos viu uma água (ou um álcool) ? Mas quer saber?! Na primeira eu consegui abrir um dos maiores cocos que encontrei e nele tinha muito mais de 2 litros de água doce e deliciosa!
Visual paradisíaco na ilha de Maupiti – Polinésia Francesa
E assim eu passei toda a minha tarde: desfrutando da água dos cocos e contemplando as paisagens espetaculares que uma das únicas praias ligadas à ilha principal de Maupiti poderiam me proporcionar. A praia fica um pouco afastada do vilarejo, então eu entendia que boa parte das pessoas deviam estar muito ocupadas com outras coisas para aparecerem por ali. E foi realmente assim durante todo dia: perambulando de um lado pro outro, arrebentando cocos e me sentindo em paz numa das praias mais lindas que já pisei na vida!
A faixa de areia principal de Tereia Beach
Confesso que o lugar é lindo, mas que tanta paz e sossego podem fazer com que fiquemos paranoicos. Eu que sou tão acostumado a estar 100% ativo, a ter dispositivos móveis com internet rápida, submerso no trânsito caótico das cidades brasileiras, devo reconhecer que depois de algumas horas sem fazer “nada” na Terei’a Beach, acabei ficando um pouco agoniado e comecei a tentar preencher meu tempo tentando tirar fotos sozinho.
Tentando fazer pose e tirar foto sozinho na praia
Como que eu poderia tirar uma foto de mim mesmo com uma paisagem dessas? Não tinha uma viva alma a quem recorrer para tirar a foto. Eu fiz de tudo até me lembrar que tinha uma GoPro comigo. Configurei o timelapse e finquei o selfie-stick em uma rocha. Eu queria dar a impressão de flutuar na foto, verdadeiro sentimento que ecoava em meu ser nesse momento. E não é que consegui?!
A GoPro em modo timelapse ajudou demais!
Levei uns tombos, fiz umas poses engraçadas, rolei na areia, sai correndo e pulei no mar. Eu me sentia como uma verdadeira criança, livre de qualquer tipo de stress em uma das praias mais lindas da Polinésia Francesa. Eu estava me sentindo realizado!
Uma das praias mais lindas da Polinésia Francesa
Depois de perambular tanto eu realmente já estava começando a sentir os efeitos da desidratação no meu corpo. Uma leve fadiga muscular associada a uma dorzinha de cabeça insistente me recordavam que meu organismo precisava de hidratação. Bom, eu não pagaria 3 dólares em uma garrafa de água sendo que poderia tomar a água de todos os cocos que estavam ali na praia, concorda?! Foi quando comecei a saciar minha sede e percebi que meu amigo guia Rex também estava com a língua de fora!
Quebrando cocos com as mãos em Maupiti
Ele foi um cara realmente especial nessa viagem. O Rex tomou cocos comigo em Terei’a Beach e me acompanhou do começo ao final do meu dia. Que verdadeiro amicão!
E matando a sede do Rex também, é claro!
Depois disso, quando o sol começou a dar trégua, resolvemos voltar pra casa. Pelo mesmo caminho que viemos, pareciam que estávamos trilhando um roteiro diferente. As cores eram diferentes, a temperatura da água ainda era super quente, porém mais amena e convidativa e as paisagens como sempre estavam de tirar o fôlego.
Depois de um dia na praia, de volta à casa de Tehei
Maupiti Paradise, sem dúvidas um dos lugares mais paradisíacos que já visitei na vida. Ainda devo conseguir voltar a te visitar! Nos próximos posts você pode aguardar por mais relatos das experiências memoráveis que consegui realizar na irmã mais nova de Bora Bora! Não deixe de acompanhar! Fique agora com a galeria de fotos que ilustra essa matéria.