Entre leões e tubarões em Providência [parte 1]

tubarões em Providência

Retorno aqui a escrever sobre uma das viagens mais incríveis em relação a mergulhos com cilindro – scuba dive que já realizei na vida: mergulho com os tubarões galha-preta em Providência. Já até escrevi duas matérias sobre esse assunto, posts estes que relataram os detalhes do primeiro dia de mergulhos em Providência. Porém mergulhei por mais dois dias, experiências essas bem mais intensas e julguei que seria interessante reservar duas novas entradas no blog apenas para relatar o que meus olhos conseguiram enchergar em baixo dágua nessas oportunidades.

Chegamos cedo no Dive Shop dos Cabezza. A praia estava tranquila, sol tímido ainda pela manhã porém um dia que prometia bastante! Já estávamos acostumados à idéia de pular na água e encontrar tantos tubarões reunidos, porém nestas duas oportunidades nosso nível de interação se elevou a patamares realmente extraordinários!


Felipe Diving Shop em Providência – Colômbia

Ao pular na água, a visibilidade de sempre, muitos peixes exóticos e até consegui avistar uma belíssima (e gigantesca) lagosta! Foi a primeira vez que consegui avistar uma lagosta na minha vida. Ela estava toda tranquilona descansando no meio das pedras em seu habitat natural.


Peixes e uma lagosta gigante durante nosso mergulho

Eu estava ali pela diversão, mas sabíamos que existia algo a mais, existia um ensinamento a ser aprendido ali com o Ignácio Cabezza. Esses caras vêm trabalhando duro para conseguir equilibrar novamente o ecossistema marinho no Caribe providênciano tentando criar novos hábitos nos tubarões galha-preta. Eles sempre mergulham munidos com uma espécie de lança, construída por eles mesmos com a vareta utilizada para fixar cortinas em janelas. Com uma liga de borracha amarrada à extremidade contrária à parte pontiaguda, El Píchi utiliza esse dispositivo para exterminar com o peixe-leão, uma verdadeira praga endêmica nas cálidas águas desta região do planeta.


Matando peixes-leão e alimentando tubarões

Já até falamos aqui sobre essa atitude adotada por eles, mas até então, nunca havia sido tão impressionante acompanhar El Píchi como nesses segundo dia de mergulhos. Encontramos vários peixes dessa espécie, todos gigantescos, realmente obesos e nada melhor para o balanceamento natural do que se os tubarões dessa região se adaptassem na prática predatória natural contra o peixe-leão. Nós fomos brindados também com a presença de alguns tubarões da espécie lixa, como o que você pode ver na foto anterior, esses tubarões não se mostraram tão adeptos ao sabor do lionfish, desde que se alimentam basicamente de crustáceos diversos, tais como camarões, lulas, polvos, caranguejos e lagostas – bela dieta ann 🙂

Porém, são os galha-preta quem vêm se revelando como um possível agente mediador dessa catástrofe ambiental. Ele adora o gosto do peixe-leão, se comporta como um cão em frente a um belo pedaço de picanha quando sente o odor do peixe sendo derramado nas águas devido aos cortes que a lança de El Pítchi provoca em sua carcaça. Ele faz questão de alimentar os tubarões na boca.

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Tubarões galha-preta no Caribe da Colômbia

Questionado sobre a segurança, se essa seria uma prática que não colocaria em risco a própria vida dos clientes que ele traz até os fundos dos mares caribenhos de Providência, eis que a resposta é concisa: “mergulho nessas águas há mais de 20 anos e nunca me aconteceu nada, e a nenhum dos meus clientes também”. Acontece que os tubarões são “sensibilizados” pelas substâncias derramadas na água com a morte do peixe-leão, e acaba focando seus interesses apenas nos animais mortos. Eles ficam malucos com o cheiro desse bicho!


Trabalhando para colocar o peixe-leão na dieta dos tubarões

Depois de agarrar o peixe-leão preso à lança, os galha-preta saem em disparada, remexendo a cabeça e triturando o alimento de uma forma realmente assustadora. Pensei várias vezes enquanto mergulhava sobre o que um animal forte como esse poderia fazer a qualquer um da nossa equipe que estava se aventurando por ali, porém parecia que a serenidade da equipe dos Cabezza nos era transferida por osmose ali naquelas águas cálidas. Bastava ficar sussegado, não fazer movimentos bruscos e ficar atento ao que estava acontecendo ao redor. Confesso que a adrenalina jorra aos litros enquanto um mergulho desse porte acontece.


Peixe leão – uma praga no caribe colombiano

Os mergulhos foram realizados nos sítios batizados por FELIPES PLACE e CANTIL DE SANTA CATALINA. A estátua da foto anterior foi abandonada por ali há vários anos e hoje é considerada como um dos lugares obrigatórios para quem quer se aventurar com os galha-preta em Providência. Na próxima matéria vamos falar um pouco mais sobre o trabalho dos Cabezza, sobre a importância do balanceamento do ecossistema marinho providenciano e vamos ver muitos, mais muitos tubarões 😉 Fiquem agora com a galeria de fotos dessa matéria e alguns vídeos destes mergulhos, que mostram definitivamente um pouco da realidade que vivemos por ali naqueles dias incríveis.

Assista aos vídeos deste mergulho!


Tubarão lixa em Providence


Explorando as profundezas do Caribe em Providência


Tubarões galha-preta em Providência – Colômbia

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Categorias: América do SulCaribeColômbiaSan Andrés e Providência

Veja os comentários (2)

  • oi luiz! Estou indo para Providencia e quero muito mergulhar com tubaroes. Mas, nao tenho curso de mergulho, ja mergulhei algumas vezes, sempre acompanhada, mas nao tenho curso. Voce sabe se pra esse tipo de passeio o curso é obrigatorio?

    • Oi Bruna, tudo joia? Obrigado pela visita e por deixar um comentário aqui no blog. É preciso ter certificação viu, mas acredito que eles podem fazer um batismo com você e irá conseguir obter experiências parecidas. É um lugar bom também para que você possa ir adiante e tirar o seu certificado de mergulhadora, afinal de contas o custo do certificado Open Water vai ser barato, desde que você terá vários mergulhos incluídos. Vale a pena checar o preço! Abraço!