Hoje venho escrever sobre uma das melhores experiências que já pude realizar em uma viagem a destino com praia – um mergulho livre na Baía do Sancho em Fernando de Noronha, justamente na praia considerada como a melhor do Brasil. Quanto custou? NADA, apenas um lanchinho básico, algumas garrafas d’água, muito fôlego e disposição para conseguir explorar os melhores lugares acima e abaixo do nível do oceano (e olha que são vários!).
Depois de chegar até ao posto da Econoronha no Circuito do Sancho, caminhamos pela plataforma até chegar na escadaria que desce até praia entre as pedras – era dia 01º de janeiro de 2013 e a praia estava deserta aos olhos de quem busca apenas pessoas, mas a intensidade da natureza ali era fenomenal, desde a vegetação seca, habitat natural para várias espécies de aves, quanto todos os outros lugares aos quais os olhos alcançavam! Toda hora um barulho, um grunhido, um estalo e as ondas sempre quebrando, por hora calmas, mas não sempre com uma lógica exata – o ambiente não tinha uma pessoa sequer, mas era totalmente ativo, foi fácil perceber que era um lugar especial em um dia especial – que abertura de ano eu estaria prestes a ter!
Depois da escadaria, sejam bem vindos ao Sancho no primeiro dia do ano de 2013
E sabe como é! Não deu muito tempo de esperar pra fotografar no nível da praia, o lance era colocar a rashguard, preparar a câmera, snorkel e máscara e ir direto fazer o reconhecimento inicial do que seriam os detaques do fundo do mar na Baía do Sancho, limitados é claro pelo mergulho livre sem equipamentos adicionais. Fiquei empolgadão logo nas primeiras braçadas – eu tinha muito medo que a transparência e visibilidade das águas estivessem ruins assim como estava no Sueste, mas foi entrar na água e a alegria surgir de uma forma muito agradável – a água estava CRISTALINA!
Afundávamos a uns 5 ou 6 metros e as câmeras conseguiam registrar exatamente o alcance da nossa visibilidade! Decidimos explorar primeiramente o lado direito da Baía do Sancho, que é um pouco mais profundo do que o meio do baía em si, porém ali existem encostas que se mostravam muito propícias para encontrarmos algum bicho grande!
Mergulho livre inicial de reconhecimento do fundo da Baía do Sancho
Quanto mais fundo, mais complicado de fazer fotos de animais no snorkel/apnéia. Até consegui avistar um tubarão lixa e algumas tartarugas, mas comom eles nadavam muito rápido foi praticamente impossível registrar com fotos a presença desses animais. Foi quando decidi que poderia ser melhor começar a explorar um pouco mais a parte rasa do Sancho. Chegando até próximo da praia as coisas começaram a melhorar! Vários recifes de corais davam coloração ao azul profundo e quando encontramos os corais, dar de cara com algumas espécies de peixes é mera consequência.
Profundidade moderada com alta visibilidade no Sancho
Depois de mergulhar por cerca de uns 90 minutos, decidimos fazer uma pausa para comer uns snacks, hidratar e apreciar um pouco da natureza de fora da água, será que encontraríamos mais bichos do que mergulhando nas águas cristais do Sancho? Tudo é muito questão de sorte e estar no lugar certo, na hora certa!
Há certos animais que conseguem ser vistos a qualquer momento em Noronha, não é preciso de sorte (a não ser a que te levará a esse paraíso haha). Um exemplo de espécies de répteis endêmicos que só serão encontrados em Noronha são as mabuias. Elas são espécies de lagartos mansos e bastante curiosos que podem ser facilmente avistadas entre arbustos, galhos de árvores e rochas nas praias e aproximam-se com tranquilidade dos visitantes de Fernando de Noronha.
Espécies de animais chamados endêmicos são o resultado do isolamento desses animais, passando a se reproduzir em regiões diferentes, o que lhes proporciona obviamente uma diferente forma de evolução e consequentemente destacam-se como novas espécies. Então leitor amigo, a pergunta é a seguinte: como é que esses lagartos foram parar em uma ilha a mais de 500 km da costa brasileira? Deixem suas especulações nos comentários por favor 😉
Descansando entre mergulhos com intensidade extrema! Animais por todos os lados!
Outro animalzinho muito camarada que encontramos foi o Mocó Roedor(Kerodon rupestris). Antes mesmo de partirmos para a próxima sessão de mergulhos livres no Sancho encotrei um deles bem tranquilão em uma pedra perto de onde estávamos descansando. Também é possível observar várias espécies de aves marinhas e é bom tomar bastante cuidado para não sentar abaixo de um ninho :O
Meia hora depois e estava com o gosto salgado da água do mar na boca novamente. A ideía agora era explorar o meio da Baía do Sancho, uma região que não estava tão profunda e que possuia belas formações de corais. Eu também estava ansioso para entender os motivos de tantas aves ficarem mergulhando mais ou menos no meio da baía, o mar estava infestado de pelicanos, vários mumbebo branco-grande e a todo momento eu só escutava o barulho de mergulhos – a sensação era que existiam outras pessoas dando pulos ao meu lado, mas mesmo assim eu ignorei-os e continuei as explorações…
Partimos pro próximo round sem ter noção da surpresa que encontraríamos
Já passava das 4 da tarde. Escutei o barulho de um dos aviões que chegava mais ou menos essa hora, já nos procedimentos de pouso e eu ali desfrutando da intensidade bem no meio da Baía do Sancho. Haviam vários pássaros ao meu redor e quando menos percebi, já estava rodeado por um cardume gigantesco de sardinhas, com certeza um dos maiores cardumes que já consegui avistar em mergulho livre! Estava explicado o motivo dos pelicanos – era hora do almoço para eles!
Fiquei por vários minutos boiando na superfície e aguardando para ver se não haviam predadores maiores annn hahah, não é muito legal estar praticamente sozinho na Baía do Sancho na base do mergulho livre e topar com alguns tubarõezinhos! Me certifiquei que estava tudo tranquilo e tentei mensurar a extensão do cardume que literalmente perdia de vista e por muitas vezes pareciam me rodear por completo. Eu estava a uns 20 metros da praia!
Gigantesco cardume de sardinhas a poucos metros da praia
Ao afundar e ir contra o cardume, eles abriam dando a vista novamente a tradicional coloração marrom das areias do Sancho. Mergulhei por vários minutos contra essa parede de sardinhas que se formava sempre que eu ia contra elas, eu estava me sentindo como um verdadeiro predador 😀
Depois dessa intensidade toda decidimos sair da água e descansar um pouco antes de começar a fazer o percurso de volta para a Vila dos Remédios, afinal de contas já estava quase na hora do pôr do sol em Noronha. Nesse dia ficou apenas o desejo de conseguir fazer uma foto de um daqueles animais fazendo os mergulhos para comer, eu ainda voltaria no Sancho por essa foto! Se você curtiu, e quer ver mais fotos, então siga para a galeria de fotos deste mergulho livre na Baía do Sancho em Noronha, mas não sem antes deixar um comentário pro blogueiro aqui relatando os seus sentimentos enquanto lia essa matéria!
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Fantástico, Luiz. As fotos estão incríveis, principalmente de seu encontro com o cardume de sardinhas. Sancho é um lugar super especial pra mim, eu nunca tinha conseguido fazer snorkel direito (não sei nadar), mas aqui fiquei tão encantado que acabei desencantando e curti muito o mergulho livre por aqui. Só queria ver mais e mais. Abs.
Olá Fabio, obrigado por visitar e comentar aqui no Blog Boa Viagem, se o conteúdo é o rei, os comentários são definitivamente o cofre cheio de ouro do reinado 😀 Eu gostei tanto do Sancho que acabei voltando no meu último dia pra tentar fotografar melhor esses mergulhos que aconteciam a todo momento das aves tentando comer as sardinhas, até consegui algumas fotos bem legais que vou compartilhar nos próximos posts! Não deixe de acompanhar 😉 Grande abraço!