Depois de desembarcar de um belíssimo voo da Mokulele entre Kahului (Maui) e Kona (Big Island), pegamos uma carona no aeroporto de Kona que nos deixou em um shopping que existe bem na entrada da cidade – tinha a dura missão de conseguir alugar um carro econômico assim como havia conseguido em Maui alguns dias antes, mas não sabia que nesta ilha as coisas não seriam aparentemente tão fáceis. Na primeira noite conseguimos encontrar um albergue que nos acomodou de última hora praticamente sem vagas (ofereceram uma van com colchão de casal para dormirmos pois estavam lotados!), acabamos aceitando a oferta por falta de opção e pagamos U$ 15 na noite na VAN.
No outro dia pela manhã a missão era encontrar um carro para alugar de algum local afim de conseguir realizar as atividades que estavam nos planos para os 5 dias completos perambulando entre Hilo e Kona, as duas maiores cidades da Big Island. Nos próximos posts ainda vamos falar sobre como conseguir esse bendito meio de locomoção e como decidir qual é o seu lado da ilha, o ensolarado e cheio de praias paradísiacas, ou o com chuvas torrenciais e cachoeiras fantásticas, mas por agora vamos focar em uma das experiências mais fantásticas que já consegui realizar em toda vida, e no mais curto período de tempo também.
Baía de Kona – Big Island – Havaí
Estávamos nós (eu e o Diogo meu parcerão nessas viagens malucas) na baía de Kona, em uma tarde ensolarada, mal havíamos conseguido pegar o bendito carro alugado e com uma dúvida, o que fazer?! Bom, olhamos um para o outro e depois apontamos nossa vista para cima, para o topo nublado do vulcão mais alto da Big Island, o Mauna Kea, com seus mais de 4,200 metros de altura e já sabiamos o que queríamos – subir até o topo do Havaí, mas já eram 2 da tarde e nosso tempo estava passando muito, MUITO rápido.
Abandonamos o calor tradicional e as areias brancas dessa baía, entramos no veículo alugado de um nativo e partimos para uma parada obrigatória em qualquer fast-food que encontrássemos no caminho para comprar um lanchinho pra viagem, água/gatorade e pé na tábua rumo a cênica Saddle Road.
Saddle Road – rumo ao topo do vulcão
A Rota 200, ou também localmente conhecida por Saddle Road corta a Big Island ao meio, conectando a cidade de Hilo, na Costa Oeste com a junção da Rota 190, próximo a Waimea – ela é a forma mais rápida de chegar até a Costa Leste (Kona) e também faz parte do trajeto de quem deseja chegar até o topo do Mauna Kea. É particularmente conhecida por suas curvas sinuosas e por ser uma das mais perigosas rodovias pavimentadas do Havaí, com várias pontes de apenas uma via e algumas áreas realmente precário (para os padrões dos EUA, BTW); essa rodovia é tão incrível que fiz questão de incluir em nosso editorial uma matéria exclusiva, com algumas dicas e fotos sobre essa incrível rota cênica dos Estados Unidos.
As curvas de Saddle Road
É realmente impressionante ver como os kilomêtros iam sendo vencidos e a paisagem que acompanhava a estrada ia se transformando gradativamente. A Rodovia Saddle corta o vale existente entre o Mauna Kea e outro vulcão gigantesco da Big Island o Mauna Loa e sinceramente não é preciso se esforçar muito para compreender os motivos desses serem os pontos mais altos do Havaí – por derramar tanta lava durante tantos anos, o vulcão foi crescendo de forma espalhada, tomando literalmente uma área gigantesca com apenas um cume predominante. Agora acreditem leitores, a viagem até o topo é um espetáculo a parte que pode ser realizado com toda segurança em apenas umas 3 horas, isso é claro se você resistir ao desejo de parar para fotografar a cada 5 kilômetros vencidos!
Hazardous Road! Parada para aclimatação
É fácil de encontrar arco-íris no meio do caminho devido às favoráveis condições climáticas e de altitude. Uma vez na entrada do parque a maioria dos guias recomendam uma parada para aclimatação de no mínimo 30 minutos para que os pulmões possam se acostumar com o ar rarefeito, mas nós corríamos contra o tempo e não queríamos perder o pôr do sol no topo do Havaí! Mas é claro que já estava fazendo várias pequenas paradas para a aclimatação no decorrer do caminho, quando investíamos alguns minutos parados na beira da estrada fotografando e apreciando a vista fantástica que já começava a romper a altura das nuvens!
Estrada para Mauna Kea – Parada no Mauna Kea Ice Age Natural Reserve
Fizemos uma parada para a foto clássica na placa do Mauna Kea Ice Age Natural Reserve, nessa altura do trajeto, a rodovia deixa de ser pavimentada e torna-se bastante perigosa para veículos que não possuem tração nas 4 rodas. É bom fazer ess passeio quando o tempo estiver firme, de preferência na época das secas, evitando assim encontrar a estrada coberta por gelo! Mas você deve estar se perguntando agora: “Como assim? Gelo no Havaí?” e eu respondo “”Exatamente!” O topo do Mauna Kea é o lugar mais frio do Havaí, onde é possível encontrar blocos de gelo em determinadas épocas do ano, mas mesmo no verão e em épocas de tempo seco faz frio extremamente polar lá em cima, e é recomendável levar agasalho, roupas impermeáveis e toda essa frescura que nós gostamos de evitar (mas não devíamos!) Antes de alcançar definitivamente o topo a rodovia volta a ter pavimentação e já é possível ver alguns dos observatórios de astronomia!
Chegando no topo do Vulcão Mauna Kea
Havíamos chegado a tempo! Fora um trajeto realmente difícil, mas já podíamos sentir o frio intenso ao abrir as janelas do veículo. Apenas buscamos um lugar com a vista previlegiada para estacionar e tentamos nossa sorte do lado de fora, onde experimentamos o frio cortante da altitude e o impacto da pressão atmosférica em nossos pulmões. Era impossível respirar fundo pois era fácil sentir pontadas na base do abdomen, aliás o ar é tão rarefeito que calcula-se que a quantidade de oxigênio no ar é 40% menor do que quando partímos da Baía de Kona, localizada no nível do mar. Além do que o vento fazia a sensação térmica cair drásticamente e minhas pernas eram expostas a uma sensação cortante a todo momento que me arriscava do lado de fora do veículo.
Telescópios, altitude, frio polar e o pôr do sol chegando
O topo deste vulcão é uma das regiões com ar mais puro em todo o planeta. É fácil perceber as vantagens em se construir telescópios em um lugar tão afastado de grandes civilizações, praticamente no meio do Oceano Pacífico, tanto é que são 13 as estações de pesquisas espaciais existentes no topo do Mauna Kea! Não demorou muito para assistir ao espetáculo impressionante que é o pôr do sol acima das nuvens, me senti na cabine de um avião!
Pôr do sol no topo do vulcão Mauna Kea
Chegava a ser engraçado ver os visitantes todos muito bem agasalhados, literalmente preparados para o frio polar e nós de bermudões, munido apenas de um hoodie, não conseguia ficar mais do que 5 minutos fora do carro e já corria para trás em busca do ar condicionado – no extremo quente a propósito. Depois que o sol se pôs, veio a melhor hora – as fotos incríveis apenas com a silhueta e as nuvens aos meus pés!
Silhuetas depois que o sol se foi!
Muito frio depois, resolvemos que era hora de partir. Descemos até o posto de informações principal e fizemos uma parada para conhecer melhor o lugar, apreciar uma comida espacial, entender um pouco sobre o relevo e assistir algumas vídeo aulas. Também foi possível contemplar as estrelas e a lua com a ajuda de alguns telescópios que estavam montados do lado de fora – parecia que estávamos muito próximos das estrelas naquela noite!
Mauna Kea Visitor Information Station
Gostou desse passeio incrível? Díficil encontrar lugares em nosso planeta que são capazes de nos proporcionar experiências desse calibre não é mesmo? Conhece algum lugar que é possível experimentar o calor tropical que encontramos na Baía de Kona e algumas horas depois sofrer com o frio polar dos mais de 4.200 metros de altura do topo do vulcão Mauna Kea? É realmente muito complicado não acham?! Pois bem, nas próximas matérias aguardem muito mais sobre Kona, Hilo, cachoeiras, mergulhos com snorkel e outras atividades que realizamos na ilha considerada como verdeiro Havaí!
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Veja os comentários (4)
Viajando com seu blog... Andei lendo várias coisas e sempre dizem q os veiculos alugados nao podem andar nessas estradas que levam ao Mauna Kea (Sanddle Road). Como resolver esse problema? Estou indo sozinha e ia alugar um 4x4, mas agora não sei o q fazer... me ajuda, pls...
Olá Ana tudo joia?! Obrigado pela visita/comentário aqui no blog. Realmente as locadoras perguntam e se você informar que vai ao topo do Mauna Kea eles vão te falar que precisa de um 4x4 pra isso. Realmente a estrada é muito sinuosa e com algumas subidas em altitude muito perigosas, é preciso sempre subir em marcha lenta e descer engatado em marcha lenta também, mas eu acredito que dá pra fazer com um veículo comum mesmo (nós fizemos com um SUV!) O grande problema está no preço do aluguel, afinal de contas isso é o Hawaii.., mas sem o carro ficará tudo muito mais caro (e não conhecerão quase nada...) Boas vibrações e qualquer dúvida volte a comentar!
Olá Luiz, parabéns pelo blog!! Pode nos passar o contato de onde você conseguiu alugar o 4x4? (pelo que disse, conseguiu num preço bom, certo?) Grato!
Oi Ruan, eu não me lembro do lugar e também não guardei o telefone do contato. Na realidade acabei conseguindo essa barbada na Craigslist, acredito que seja a melhor forma de conseguir algo atualizado para a nossa realidade :) Abraço e boa viagem.