Estive por 15 dias recentemente viajando por algumas ilhas da Polinésia Francesa e muitos que acompanharam a viagem insistem e me perguntar detalhes com relação aos custos, será que é realmente possível visitar algumas das ilhas mais espetaculares do planeta e pagar menos que 30 U$ por dia? Bom pode ser uma missão complicada porém para os viajantes que possuem o desejo de conhecer um lugar como Maupiti ou Bora Bora, eu posso afirmar-lhes com toda a certeza: SIM, é possível viajar com baixo custo nas ilhas do Tahiti, eu experimentei pessoalmente essa realidade e no post de hoje compartilho algumas dicas para que você possa se organizar e riscar esses destinos do topo da sua #bucketlist assim como eu o fiz.
Índice desta matéria
Dicas para comprar as passagens aéreas
Prestes a embarcar em um voo de Fakarava para Papeete
Boa parte dos custos da viagem estarão relacionados com as passagens aéreas, afinal de contas Bora Bora está localizada a mais de 10.000 quilômetros de distância da minha cidade. Não é mole conseguir comprar voos baratos para esse destino, porém com planejamento e atitude acredito que pode ser possível sim. Apenas as seguintes cias aéreas voam para o Papeete: Air France(partindo de LA ou Paris), Air New Zeland (desde Auckland), Air Tahiti Nui (Auckland, LA, Paris e Tokyo), Hawaiian Airlines (Honolulu) e a LATAM Chile (vindo de Santiago com stop na Ilha de Páscoa).
O uso de milhas pode ser uma solução interessante, entretanto é preciso já ter acumulado o suficiente para conseguir fazer a emissão da ida e volta. Outra alternativa pode ser a compra da passagem até um dos principais hubs para tentar a partir desses destinos conseguir um preço mais acessível (Santiago ou Los Angeles são os melhores para nós brasileiros). Contar com a sorte e vasculhar as promoções que acontecem frequentemente também pode ser um plus na busca de encontrar a solução para o principal problema com o custo da viagem: as passagens aéreas. Uma vez no Papeete, para conhecer algumas das ilhas mais lindas da Polinésia, acaba sendo preciso viajar para outras ilhas e a melhor forma de fazer isso pode ser comprar um passe aéreo nacional da Air Tahiti que possibilita o planejamento de múltiplas ilhas, só assim é possível desfrutar da experiência imersiva de viver como os locais e pagar custos irrisórios para estar em alguns dos destinos mais lindos do mundo.
Com tempo suficiente também é possível planejar uma viagem à bordo dos ferrys que conectam as ilhas da Polinésia Francesa. Existem serviços conectando praticamente todas as ilhas, é possível encaixar a viagem entre as ilhas que não são servidas por voos e conhecer lugares que sequer ainda estão nos guias de viagem. O custo pode ser bem acessível e pelos relatos que andei escutando, a experiência é imersiva e memorável.
O que levar na mala/mochila?!
Hidratação na ilha de Maupiti
Você deve estar preparado para uma viagem de baixo custo. É importante levar uma barraca boa, que inclusive possa suportar as chuvas torrenciais no meio da noite. É bom levar um colchão inflável e roupa de cama. Uma rede pode ser um bônus para viajantes que gostam de dormir com a luz da lua. Cantil, abridor de cocos e equipamento de mergulho – sempre leve sua máscara e snorkel para onde quer que vá. Gear fotográfico é indispensável né?! De preferência com backup para tudo (câmera, baterias, lentes) e não se esqueça de levar algo para tirar fotos e registrar vídeos aquáticos, já que boa parte da viagem vai ser bem molhada 😉
Com relação a insetos e cuidados com o sol: eu não vi problemas com pernilongos ou mosquitos, sinceramente a minha casa aqui em Goiás possui mais muriçocas do que todos os lugares que visitei na Polinésia, porém leve algum tipo de repelente para estar protegido durante as noites e não se esqueça de ter sempre à mão o protetor solar (e um creme hidratante para os finais de dia).
Hospedagem
Camping no Relais Marama de Fakarava ~ U$ 30,00
Fique acampado ou em pensões. Essa pode ser a melhor forma de pagar barato na sua hospedagem enquanto estiver viajando pela Polinésia. Em praticamente todas as ilhas que visitamos foi possível encontrar soluções que ofereciam camping, essa sem dúvida é a melhor forma para gastar menos de 100 reais por dia nas ilhas. Existem lugares como Maupiti ou Fakarava que possuem área para camping por menos de 1500 francos (15 dólares), o que realmente é uma grande barbada! Em Maupiti eu estive hospedado na Pension Teheimana. Por 25 dólares a diária eu consegui um quarto arejado com uma cama de casal gigantesca de bambu, já incluído o café da manhã e os banquetes de jantar. Em Fakarava me hospedei na Pensão Relais Marama onde existem alternativas para camping (30 dólares) e uma cabana com cama privada (60 dólares). Estive também hospedado na ilha de Bora Bora, um dos destinos mais almejados por casais em lua de mel e paguei apenas 3000 francos (30 dólares) por uma alternativa de hospedagem privada em que tinha inclusive banheiro e cozinha agregada.
Recentemente meu amigo Diogo Jobane esteve viajando também pela Polinésia e comprovou que a teoria dos 100 reais por dia é verdadeira. Ele esteve em 7 ilhas e ficou acampado em todas elas pagando preços irrisórios pela diária (que em boa parte das vezes lhe oferecia também a alimentação incluída). Os lugares e os preços que ele pagou em sua viagem foram os seguintes: Sunset beach motel em Raiateia (1500 francos ou 15 dólares), Maupiti Auira em Maupiti (2500 francos ou 25 dólares), Bora Bora Camping (localizada em um motu na ilha de Bora Bora) (1600 francos ou 16 dólares), Lagoonarium em Bora Bora (2500 francos ou 25 dólares), Pension Hotu em Tikehau (2500 francos ou 25 dólares), Rangiroa Plage (1200 francos ou a bagatela de 12 dólares por dia), Jimmy Camping Site Fakarava (1500 francos ou 15 dólares). Use e abuse dos motores de busca e sites do tipo Airbnb para encontrar os contatos e localizações que mais lhe agradar…
Jimmy Camping Site em Fakarava ~ U$ 15,00
Quase sempre as pensões vão oferecer amenidades por custos irrisórios: água para beber quase sempre está incluso; quase sempre você pode encomendar comida para cozinhar você mesmo ou para ser comprada; use e abuse das facilidades de cada pensão! O Diogo sempre que ia sair de um lugar para o outro, pedia para que o dono da pensão ligasse e falasse em francês para o próximo lugar que o recepcionasse, o que garantiu 100% de eficácia em todas as suas reservas.
Passeios
Praia em um motu na ilha de Maupiti
Faça as coisas por conta própria! Você pode até contratar um tour guiado, ou um passeio de barco, o que realmente é mais do que imprescindível em algumas ilhas, porém o bom da Polinésia é pegar uma bicicleta na sua pensão e ir conhecer a ilha por conta própria. Parar para fotografar, interagir com os locais, perder a noção do tempo em alguma das praias. Levar o snorkel sempre que sair para não perder a oportunidade de praticar mergulho livre, explorar corais e descobrir lugares com a ajuda de indicações dos locais. Eu acredito que um destino como a Polinésia deve ser vivido dessa maneira.
Alguns gastos realmente não podem ser evitados. Se você mergulha, como não explorar o fundo do mar em destinos como esse?! Se você é adepto a escaladas ou trekking, como não contratar um guia local para te acompanhar, conversar e lhe contar os segredos e histórias de cada ilha visitada?! Se gosta de comer bem, como não sentar em um restaurante bom e conhecer um pouco do tempero desta região do mundo?! Existem certos gastos que devem ser considerados e para isso o planejamento prévio é mais do que recomendado. Visite blogs gringos, traduza páginas de fóruns do francês, saiba quais experiências você quer realizar em cada ilha para não se frustar depois da experiência ter sido perdida!
Alimentação
Mercadinho em Rotoava, Fakarava, Ilhas Tuamotu
Coma como os locais ou faça sua própria comida. Esse pode ser o ponto que fará você economizar ou não na viagem. Boa parte das soluções de hospedagem possuem alternativas de alimentação incluídas (meia pensão: café da manhã e jantar). Algumas delas vão sempre preparar uma refeição/churrasco para seus hóspedes e você estando acampado pode contribuir com alguns francos para fazer parte do banquete, o que sem dúvidas sempre será uma grande barbada frente à riqueza da culinária regional nas ilhas da Polinésia. Coma muito peixe e frutos do mar, afinal de contas você está no meio do mar! Em todas as pensões é possível encomendar peixe fresco para você fazer seu próprio sashimi, ou então cozinhá-lo nas cozinhas compartilhadas destas alternativas de hospedagem. Compre nos mercadinhos e supermercados locais, faça sua própria refeição, organize lanches para os passeios que vai fazer, NUNCA esqueça de se hidratar com fartura, é fácil sentir os efeitos da desidratação com tanta atividade física em ambientes com clima extremamente tropical.
Leve um abridor de cocos e beba água de coco direto dos coqueiros nas praias! Você pode também aprender com o pessoal nas ilhas a abrir cocos nas praias com as próprias mãos! Economize com garrafas de água de supermercado levando um cantil e reabastecendo com a água que os locais bebem nas pensões (quase sempre encontrará água geladíssima, filtrada e de boa qualidade). Evite consumir álcool! Cada lata de cerveja pode custar em média até 2,5 dólares em algumas ilhas!! Caso você seja aquele viajante que não dispensa um cocktail no pôr do sol, eu poderia te recomendar fazer compras no duty free do aeroporto da sua origem para não gastar demais com álcool nas ilhas, faça seus próprios drinks na sua solução de hospedagem misturando frutas locais!
Aprendizado
Diogo em um churrasco de peixes e frutos do mar no camping de Fakarava
Uma vez nas ilhas do Tahiti, pare para avaliar a sua vida, interaja com os locais. Você deve ter a mente aberta para novas descobertas. Meu amigo Diogo e eu acreditamos piamente que a Polinésia é um SPA natural. É impossível não perder alguns quilos estando ativo diariamente, com a educação alimentar imposta pela realidade das ilhas, seu organismo vai se adaptar a esta realidade e estará integrado à natureza exuberante que o cerca. Perca tempo e encontre um cachorro para chamar de seu, ao menos pelo tempo que estiver nas ilhas 😉 Esta é uma das dicas mais preciosas que eu poderia lhe dar! Estando com a mente aberta para adquirir novas experiências você pode fazer com que a sua viagem mude de rumo e seja algo que realmente estará eternizado em sua memória. Faça valer a pena cada segundo nessas ilhas, pense em quantas pessoas já conseguiram viajar para a Polinésia até então na sua comunidade…
Viaje na baixa temporada e na melhor época do ano
Vista aérea na chegada a Bora Bora – Polinésia Francesa
Algumas ilhas possuem microclimas que podem realmente fazer com que seja imprevisível conhecer o tempo antes de estar no lugar. Será praticamente impossível saber se estará chovendo em Bora Bora durante sua estadia, nos meus dias (eu viajei em fevereiro), choveu demais! Tive algumas folgas da chuva mas o céu permaneceu quase sempre nublado, não vi a mesma intensidade de sol que experimentei em Maupiti quando visitei Bora Bora. E enquanto caia o céu nas ilhas da Sociedade, o sol brilhava forte nas Tuamotu. É difícil, imprevisível porém você pode tentar encaixar sua viagem para os dias mais secos do ano.
A estação seca está entre maio e outubro. As temperaturas variam entre 20 e 30 graus Celsius. A época das chuvas vai de novembro a abril, com seu ápice nos meses de dezembro e janeiro, entretanto em épocas de mudança climática é praticamente impossível ter a certeza de que vai chover, ou que vai fazer sol.
Câmbio e cartão de crédito
Perdido em algum lugar de Tikehau
Você pode trocar moeda forte (dólares ou euros) assim que chegar na Polinésia Francesa, na ilha principal, Papeete. Porém o custo da casa de câmbio lá é um pouco alto e só tem uma. Eles abrem a casa de câmbio para a recepção dos voos internacionais que chegam durante a noite. Esta pode ser a melhor alternativa para as pessoas que vão (assim como eu fiz) pernoitar no aeroporto e sair muito cedo no dia seguinte. Caso você vá viajar até ilhas muito pequenas você pode não conseguir encontrar um lugar para trocar moeda ou sacar dinheiro, então certifique-se de conseguir o suficiente logo ao chegar no Tahiti.
Ilhas maiores, como Bora Bora, Raiateia e Rangiroa podem ter caixa eletrônico e inclusive um ou outro comércio de câmbio de valores, porém é bom não vacilar e levar o dinheiro suficiente logo da primeira ilha, pode também acontecer de encontrar lugares que não aceitam cartão de crédito (por isso é bom já ter acertado as alternativas de hospedagem antes da viagem). Eu troquei 500 dólares quando cheguei ao Papeete e saquei mais 200 euros (em francos) em Rangiroa, o que foi mais do que suficiente para as atividades que iria realizar e ainda não tinha acertado antes de chegar na Polinésia.
Melhores Ilhas
Piscina natural em um lugar secreto de Tikehau – Ilhas Tuamotu
É possível manter o custo menor do que 30 dólares (ou 40 dólares com comida e algum tour) em praticamente todos os destinos da Polinésia Francesa. Alguns lugares vão requerer mais, outros menos, as ilhas menores costumam ser mais autênticas e baratas, as maiores e mais famosas podem ser um pouco mais caras. Se pudesse fazer de novo, com certeza optaria pelos lugares menos divulgados, pelas ilhas de difícil acesso e com pouco conteúdo divulgado na internet. Estes lugares podem oferecer experiências mais autênticas e podem fazer com que a sua viagem seja realmente algo inesquecível. Maupiti ainda está nesse nível. Sem ferry com conexão marítima para sua vizinha Bora Bora, esta ilha permanece como uma joia do turismo na Polinésia, perfeita para uma estadia de 3 dias.
Em minha mais íntima opinião, a verdadeira experiência a ser obtida nessa parte do mundo pode estar fora das Ilhas da Sociedade. Eu viajaria novamente para as Ilhas Tuamotu ou arriscaria conhecer as Ilhas Australes, pois acredito que Bora Bora já está suficientemente desgastada turisticamente e pode não entregar o que o viajante alternativo está procurando.
Gastos adicionais
Raia manta vista em um mergulho na ilha de Bora Bora
Atividades turísticas, passeios guiados, mergulhos, restaurantes e afins podem ser os responsáveis pelo maior custo de uma viagem pelas ilhas da Polinésia Francesa. Mas você não vai querer ir parar na Polinésia e deixar algumas das experiências mais caras para trás sendo que elas realmente podem valer a pena não é mesmo?! Faça o planejamento antes para evitar gastos extremos no momento que estiver na ilha. É possível fazer pagamentos e ir acertando boa parte dos custos com antecedência, evitando grandes despesas nas ilhas. Pode ser difícil encontrar um caixa eletrônico em alguns lugares, então previna-se carregando mais dinheiro do que necessário para evitar ficar desprovido de grana em lugares que não possuem caixas eletrônicos.
Levando uma vida simples
Baile das raias em Bora Bora
Parte do sucesso em conhecer um lugar como esse está sem dúvidas na abertura que o viajante deve ter para viver uma vida simples, sem luxos, sem requintes, entretanto desfrutando da plenitude de vida em abundância e atividades que essas ilhas podem oferecer a seus visitantes. Uma vez na Polinésia Frances a e sua concepção de paraíso também estará transformada. Mauruuru pela leitura e se curtiu, deixa seu comentário na caixa que vem logo a seguir tá bom?! Até a próxima!
Oi.. sobre a casa de câmbio que você foi em Papeete, é muito longe do aeroporto? Como você se deslocou até lá? Vale a pena fazer a conversão ou é melhor sacar nos caixas eletrônicos internacionais?
Oi Vanessa, tudo joia?! Essa cotação eu encontrei em uma casa de câmbio dentro do aeroporto de Papeete. Me pareceu ser um pouco caro o câmbio naquele lugar, contudo eu estava indo pra Maupiti e sabia que seria mais difícil ainda por lá. Então eu troquei o que eu julguei ser necessário para passar meus dias em Maupiti até chegar em Bora Bora, onde eu troquei mais dinheiro em uma outra casa de câmbio (também fiz saque direto da conta e foi tudo bem tranquilo). Qualquer dúvida volte a comentar, será um prazer saber mais sobre sua viagem para essas ilhas espetaculares…